sexta-feira, 15 de julho de 2011

Lição 3 - A vida do novo convertido II

Extraído do Livro "Mundo em Chamas", Billy Graham" (Editora Betânia)

A DINÂMICA DO NOVO HOMEM

No terceiro século de nossa era, Cipriano, Bispo de Cartago, escrevia a seu amigo Donato, dizendo: "Este é um mundo mau, Donato; é um mundo inacreditavelmente mau. Mas descobri no meio dele uma gente tranqüila e santa que aprendeu um grande segredo, e encontrou uma alegria mil vezes maior do que a conferida por qualquer dos prazeres de nossa vida pecaminosa. Essa gente é desprezada e perseguida, mas não se importa. Essa gente é dona de sua própria alma, e sobrepujou o mundo. Essa gente, Donato, são os cristãos... e eu sou um deles."

Se você se houver arrependido de seus pecados e recebido Cristo como Salvador, nesse caso você também é um deles.
PERDOADO E JUSTIFICADO
No momento em que você se converte a Cristo sucedem diversas coisas dramáticas, quer tenha ou não percebido.
Em primeiro lugar, seu pecado foi perdoado. "No qual temos a redenção, a remissão dos pecados" (Colossenses 1:14). "Filhinhos, eu vos escrevo, porque os vossos pecados são perdoados, por causa do seu nome" (I João 2:12). Em todo o Novo Testamento nos é dito que quem recebe Cristo como Salvador também recebe de imediato, como presente de Deus, o perdão do pecado. Diz a Bíblia: "Quanto dista o Oriente do Ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões" (Salmos 103:12). O único motivo pelo qual os nossos pecados podem ser perdoados está, naturalmente, em que Jesus Cristo pagou toda a pena por eles, na cruz. Ele foi "entregue por causa das nossas transgressões" (Romanos 4:25).

O perdão de Deus, no entanto, vai muito além do perdão dos pecados. Deus não só perdoa, como justifica. Isto quer dizer que o homem, na verdade, não tem mais culpa aos olhos de Deus. Como já disse alguém, "estou justificado, e é como se jamais houvesse pecado". Muitas vezes minha secretária usa um papel no qual pode passar a borracha, papel esse quimicamente tratado e do qual os erros podem ser apagados sem ficar rasura. Deus trata nossos corações com a química de Sua graça e apaga os erros de tal modo que ficamos sem mancha e sem rasuras diante de Seus olhos.

Todos aqueles que depositam sua confiança em Jesus Cristo apresentam-se sem culpa diante de Deus, limpos de qualquer acusação. Não se trata de uma questão de sentimento, mas de um fato. Podemos aplicar a passagem de Gálatas 2:16 a nós próprios: "Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e, sim, mediante a fé em Cristo Jesus. " A justificação e o perdão são dádivas gratuitas de Deus, e nada têm que ver com o mérito por parte do homem; tudo é de Deus. São o Seu favor imerecido. Perdão e justificação nos são transmitidos por intermédio da fé.

Nestes nossos dias de complexos de culpa, talvez a palavra mais gloriosa seja "perdão".

Um homem condenado à prisão perpétua por assassinato fugiu da Penitenciária Estadual de Oklahoma. O diretor da mesma ofereceu 1.500 dólares ao fugitivo para que o mesmo se apresentasse pessoalmente no portão, mas havia uma condição nessa oferta. O prêmio seria ganho pelo prisioneiro com o seu trabalho na prisão. "Se ele voltar, providenciaremos para que não fuja outra vez", disse o diretor. "A justiça deve prevalecer."

Como é diferente a oferta feita por Deus a todos os que fogem da justiça divina! Não existem condições em Sua oferta. "Deixe o perverso o seu caminho... converta-se ao Senhor, que se compadecerá dele" (Isaías 55:7). A justiça civil procura apanhar o criminoso, mas a divina pretende libertá-lo. A justiça foi satisfeita pela morte de Cristo. Todos os que se apresentem a Deus, pela fé e arrependimento, serão recebidos não como fugitivos, mas como filhos de Deus, "justificados de todas as coisas" (Atos 13:39).

ADOTADO
Em segundo lugar, o novo homem é adotado. "Para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos" (Gálatas 4:5). No momento em que recebermos Cristo como Salvador, receberemos também a natureza divina dos filhos de Deus. Estaremos, então, colocados na posição de herdeiros conjuntos com Jesus Cristo. "Nos predestinou para ele, para a adoção de filhos" (Efésios 1:5). Teremos então todos os direitos de um filho e todas as coisas no Reino estarão ao nosso alcance.

Meus amigos Roy Rogers e Dale Evans adotaram diversas crianças e certa vez lhes perguntei se tinham dado aos filhos adotivos os mesmos direitos e privilégios que davam aos filhos verdadeiros. Mostraram-se chocados por minha pergunta, e responderam:

– Naturalmente! São tão nossos quanto os que nos nasceram e têm todos os direitos e privilégios como os de nossa própria carne e sangue.

Também nós fomos adotados pela família de Deus, com todos os direitos e privilégios.

O ESPÍRITO SANTO
Em terceiro lugar, o novo homem é morada do Espírito de Deus. Antes de subir aos céus, Jesus Cristo disse: "E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade... vós o conheceis, porque habita convosco e estará em vós" (João 14:16, 17). No curso de Sua vida na terra, a presença de Cristo só pôde ser compartilhada por um pequeno grupo de homens. Agora, Cristo mora, por intermédio do Espírito, nos corações de todos aqueles que O receberam como Salvador. O Apóstolo Paulo escreveu aos romanos: "Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se de fato o Espírito de Deus habita em vós" (Romanos 8:9). Mais tarde, escrevia aos coríntios, dizendo: "Não sabeis que sois santuário de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?" (I Coríntios 3:16).

O Espírito Santo é dado a todo crente, não por tempo limitado, mas para sempre. Se Ele nos abandonasse por um só momento, estaríamos em grave situação.

Com algum desdém e desprezo uma senhora disse a um ministro, a quem estivera ouvindo:
– O senhor não está dentro do espírito da época.
Replicou o ministro:
– Tem toda razão, não estou dentro do espírito da época. Mas tenho dentro de mim o Espírito Santo desta época.
É Walter Knight quem conta o episódio de um menino que recebera Cristo fazia pouco tempo, e perguntou ao pai:
– Papai, como posso acreditar no Espírito Santo se nunca O vi?
– Vou mostrá-Lo a você, Jim – respondeu o pai, que era eletricista.
Mais tarde os dois foram à usina de energia elétrica, onde o pai mostrou os geradores ao filho, explicando:
– É daqui que sai a energia que vai aquecer e iluminar a casa. Não podemos ver essa energia, mas está naquela máquina e nas linhas de força.
– Eu acredito na eletricidade – disse o menino Jim.
– Está claro que sim – acrescentou o pai – mas você não acredita nela porque a pode ver. Você acredita porque vê o que ela faz. Da mesma forma, pode acreditar no Espírito Santo, porque vê o que Ele faz nas vidas das pessoas, quando estão entregues a Cristo e possuem a Sua energia.

Aceitamos assim pela fé o fato de sermos morada do Espírito de Deus. Ele se encontra em nós para conferir-nos a energia especial de trabalhar por Cristo, para nos proporcionar vigor no momento da tentação, para produzir o fruto sobrenatural do Espírito, qual seja o "amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio" (Gálatas 5:22, 23). Está em nós para guiar-nos pelo difícil terreno que temos de palmilhar como cristãos.

Nas vezes em que vou à Europa pregar, prefiro ir de navio e desfrutar os cinco dias de viagem pelo mar. Numa dessas viagens, o Comandante Anderson, do United States, levou-me para ver o giroscópio do navio, e disse:
– Quando o mar está agitado, o giroscópio ajuda a manter o navio estável. Ainda que as ondas sejam enormes, o giroscópio ajuda a estabilizar o barco e manter-lhe o equilíbrio.

Enquanto ouvia aquela explicação, pensava como o Espírito Santo parece um giroscópio. Que venham as borrascas da vida estrugir em nossas cabeças, que venha o inimigo Satanás como uma inundação, que venham as ondas de sofrimento, pesar, tentação e provação. As nossas almas se manterão estáveis e em paz perfeita quando o Espírito Santo habita em nossos corações.

FORÇA PARA RESISTIR À TENTAÇÃO
Em quarto lugar, o novo homem tem possibilidades de vitória sobre a tentação e o pecado. "Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel, e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar" (I Coríntios 10:13).

A Bíblia ensina que o novo homem deve "detestar o mal" (Romanos 12:9) e despojar-se "do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano" (Efésios 4:22). Também diz: "Nada disponhais para a carne, no tocante às suas concupiscências" (Romanos 13:14).
O grande problema, no entanto, é o seguinte: Como fazê-lo? Onde obtemos tal capacidade e vigor?

Essa nova capacidade e esse novo vigor advêm do Espírito Santo, que habita dentro de cada crente verdadeiro. Não é o resultado da nossa luta pessoal contra a tentação, mas a vida de Deus que habita em nós. Habita em nossos corações para ajudar-nos a resistir ao pecado. É nossa tarefa acreditar e ceder-lhe. A vida cristã, a partir desse ponto, deve ser vivida por meio da atividade da fé, que é o escudo de nossas defesas contra Satanás (Efésios 6:16) e nos permite sobrepujar o mundo mau ao nosso redor (I João 5:4).

A Bíblia diz que, como cristãos, podemos tornar-nos "mais que vencedores" (Romanos 8 :37). O vigor para nossa conquista e vitória flui continuamente, vindo de Cristo. A Bíblia não diz que o pecado esteja completamente extirpado do cristão nesta vida, mas que o pecado não reinará mais sobre nós. O vigor e força do pecado foram batidos e o cristão possui agora recursos dos quais pode dispor para viver além e acima deste mundo. A Bíblia ensina que quem tenha nascido de Deus não comete pecado (I João 3:6-9). É como a menina que disse que, quando o demônio lhe bateu à porta com uma tentação, ela simplesmente mandou Jesus atender.

Assim é que, em Jesus Cristo, o novo homem é realmente um homem novo. O que quer dizer ser uma nova criatura, ou uma nova pessoa? Digamos de imediato que o novo homem não é o homem antigo, melhorado ou reformado. Nem sequer é o homem velho reformado ou remodelado, pois Deus não faz o novo do velho, nem põe vinho novo em garrafas velhas. O novo homem é Cristo em nós. Como na criação, fomos feitos à imagem de Deus. Na nova criação, somos recriados à imagem de Cristo. Paulo disse: "Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes á imagem de seu Filho" (Romanos 8:29).

Esse novo homem não é o produto de modificação psicológica. De acordo com o psiquiatra Ernest White, a conversão cristã "apresenta resultados permanentes nas profundezas da personalidade e põe um homem à frente na trilha da santidade. O tratamento psicológico pode obter uma nova disposição da configuração mental e emocional, mas não introduz uma nova força na vida".

O novo homem, na verdade, é Cristo no coração, e Cristo no coração quer dizer que Ele está no centro de nosso ser. O uso bíblico da palavra "coração" simboliza todo o reino das afeições. Nessa área, Cristo aparece para transformar nossas afeições, daí resultando que as coisas pelas quais tínhamos afeição anteriormente passaram e as coisas pelas quais temos afeição são novas e de Deus. Se Cristo habita no coração, isso quer dizer que Ele habita também no espírito com sua função variada de pensamento e autodeterminação. No processo de transformar-se uma nova criatura quando Cristo habita o coração, a personalidade humana não é absorvida ou destruída. Ao invés disso, é enriquecida e dotada de poder graças a essa União com Cristo.

O NOVO HOMEM NÃO É PERFEITO
Há um problema que os cristãos enfrentam logo em seguida à conversão. Algumas pessoas têm a idéia de que se tornam perfeitas de imediato, e depois disso sentem-se tentadas, em conflito, e até mesmo cedem à tentação algumas vezes. Muitas se enchem de confusão, frustração e desalento, dizendo que a vida cristã não é o que pensavam. A Bíblia ensina que podemos tornar-nos maduros, mas isso não quer dizer que sejamos sempre infalíveis.

Afirma Ernest F. Kevan: "O cristão perfeito é o que, consciente da sua incapacidade, ainda assim se esforça por atingir a meta" (Filipenses, 3:14).1 A Bíblia ensina: "Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que porventura seja do vosso querer" (Gálatas 5:17).

Existe um conflito espiritual no coração de todo o verdadeiro crente. É verdade que o cristão possui uma nova natureza, mas a natureza antiga ainda se acha nele. Está em nossa decisão, ceder dia a dia ao reino e domínio da nova natureza, que é dominada por Cristo. Desde que somos uma criatura nova, para a qual todas as coisas antigas passaram e todas as coisas se tornaram novas, não mais praticamos o pecado.

Podemos cair no pecado, mas odiando-o. A natureza nova não comete pecados, mas quando o cristão peca é porque a natureza antiga conseguiu dominar por um momento, e quando o cristão peca sente-se desgraçado até que o pecado seja confessado e restaurada a comunhão com Deus. Essa é a diferença entre o crente e o incrédulo. O incrédulo torna o pecado uma prática, e o crente não o faz, pois o detesta e ao invés de viver na licenciosidade anterior, procura obedecer aos mandamentos de Deus. Assim é que Paulo afirma: "Nós... que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito" (Romanos 8:4). Isso quer dizer que devemos ser submissos à nova natureza, ao Espírito Santo que habita em nós. "Nem ofereçais os membros do vosso corpo ao pecado como instrumento de iniqüidade; mas oferecei-vos a Deus como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros a Deus como instrumento de justiça" (Romanos 6:13).

NOVOS PADRÕES
Devemos alimentar constantemente a nova natureza com a Palavra de Deus, e devemos matar de fome a natureza antiga, que ambiciona o mundo e a carne. É dito que "nada disponhais para a carne, no tocante às suas concupiscências" (Romanos 13:14), e é dito também "que apresenteis os vossos corpos por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus" (Romanos 12:1).

A partir de então, as nossas decisões são feitas com uma nova visão e dimensão. Quando estamos correspondendo a todos os privilégios e poderes de nossa vida nova em Cristo, o pecado perde seu controle sobre essas escolhas e disposições. O cristão está sob o domínio de Cristo e, por conseqüência, vive de acordo com padrões novos, dispondo de uma nova força.

Em Londres, um alcoólatra foi entregue aos cuidados do psiquiatra, que logo abandonou o caso porque o paciente não melhorava. Durante nossas reuniões na Harringay Arena, o alcoólatra foi convidado a aparecer, e ouviu com espanto as mensagens do Evangelho, pensando consigo mesmo que talvez houvesse alguma esperança para ele. Certa noite, quando o convite foi feito, levantou-se em companhia de diversos outros. Converteu-se, e uma nova energia surgiu na sua vida. Naquela noite, antes de deitar-se, estendeu o braço como costumava fazer, procurando a garrafa de bebida, mas alguma coisa – ou melhor, Alguém – lhe dominou a mão. Saindo da cama, levou a garrafa até a pia, onde a esvaziou. Ao despertar na manhã seguinte, o hábito fez com que novamente procurasse o trago de sempre. Não o encontrou, mas não teve qualquer sensação de desapontamento.

Foi ver o psiquiatra e disse:
– O doutor perdeu um cliente. Cristo salvou-me da bebida, e agora sou um novo homem.
– Parece ótimo – respondeu o médico. – Talvez eu encontre auxílio onde você encontrou. Não sou alcoólatra, mas também tenho as minhas necessidades e problemas.

O psiquiatra começou também a freqüentar as reuniões, e veio igualmente a aceitar Cristo como seu Salvador. Um ano mais tarde, no saguão de um elegante hotel londrino tanto esse psiquiatra como o ex-alcoólatra deram testemunho do poder salvador de Jesus Cristo, que os guardara.

Ser uma nova criatura em Cristo não quer dizer ter havido uma alteração nos elementos de personalidade da pessoa, mas que um princípio novo de vida foi introduzido no centro de seu ser, o coração, dirigindo-lhe a vontade para novos motivos, nova conduta e novos ideais.

Acontece com freqüência, como diz o Dr. White, que após a conversão mudem completamente os gostos de uma pessoa, não devido a qualquer esforço consciente da vontade ou decisão, mas devido à alteração ocorrida em nível mais profundo. O cristão não quer mais fazer algumas das coisas que queria dantes fazer, e cria um impulso de fazer aquilo que, anteriormente, teria evitado. Há ocasiões em que essa modificação se efetua de modo repentino e ciclônico, como quando um alcoólatra abandona a bebida ou uma maledicente pára com os seus mexericos. Em outros casos, é uma transformação gradual que impregna toda a vida e visão do indivíduo, modificando-o cada vez mais e levando-o à semelhança de Cristo.

NOVA ORIENTAÇÃO
O motivo pelo qual, como novas criaturas, sentimos o passamento das coisas antigas e o início das novas é quíntuplo em sua explicação.

Em primeiro lugar, o novo homem tem uma orientação nova. Antes da conversão, achava-se orientado para o mundo e suas atividades materialistas e seculares. Agora acha-se orientado para Jesus Cristo, com os ideais mais elevados da vida cristã.

NOVA MOTIVAÇÃO
Em segundo lugar, o novo homem tem uma motivação nova. Antes da conversão, os motivos para viver centralizavam-se em torno dos seus apetites e vontades. Desejava o que queria fazer, obter e ser. Às vezes isso era bom, e de outras mau, mas em geral estava afastado de Deus. Agora, a sua motivação é a vontade de Deus, que constitui o motivo mais elevado possível para a vida, e enquanto estivermos inspirados e ativados por essa motivação agiremos no caráter das criaturas novas que somos.

NOVA DIREÇÃO
Em terceiro lugar, o novo homem tem uma direção nova. Antes da conversão, a direção da vida era em sentido contrário à de Deus, sendo-lhe fácil agir erradamente, e natural pecar. Agora, a vida toma nova direção. "Todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne... e éramos por natureza filhos da ira, como também os demais. Mas Deus, sendo rico em misericórdia... nos deu vida juntamente com Cristo" (Efésios 2:3-5).

Movemo-nos agora na direção à vontade de Deus. Emoções novas e diferentes inundam-nos os corações, e achamos as práticas pecaminosas desprovidas de atração e mesmo detestáveis. Marchamos na direção da retidão e da piedade. Temos os pensamentos de Deus, seguindo-O. Movemo-nos com a mente de Cristo, e estamos livres das escravizações da mente natural. Estamos livres da inveja e dos rancores, e nos tomamos graciosos e bondosos como Ele foi.

NOVO CRESCIMENTO
Em quarto lugar, o novo homem sentirá um novo crescimento espiritual e moral. Pode-se imitar a vida cristã pelo esforço religioso, mas sempre é possível identificar a flor artificial. Existe uma diferença entre um crescimento espiritualmente natural do princípio cristão, e existe uma cópia moral dele. Um é crescimento; o outro, adição. Disse Jesus: "Olhai como crescem os lírios" (Lucas 12:27). Como crescem? Orgânica, espontânea, automaticamente, sem se esforçarem ou lutarem ou preocuparem, assim como crescemos fisicamente sem esforço consciente.

Um de meus filhos disse, certa vez:
– Vou ser grande como o papai!

Disse isso e esticou-se para adquirir mais estatura, porém seu esforço não o fez aumentar um só centímetro.
No momento em que recebemos Cristo, temos um início como se fôssemos um recém-nascido espiritual. "Desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que por ele vos seja dado crescimento" (I Pedro 2:2). Uma criança pode nascer em casa rica e tornar-se assim o possuidor de bons pais, irmãos e irmãs, casas e terras, mas no momento de seu nascimento o principal não é que seja informado dessas coisas maravilhosas. Há outras questões importantes que devem ser tratadas antes. Precisa receber alimento, pois tem fome e precisa crescer. Deve ser protegido, porque nasceu num mundo de muitos inimigos. No berçário da maternidade ele é tratado com luvas esterilizadas e mantido à distância de estranhos, de modo a não ser vítima de qualquer dos milhões de germes que poderão atacá-lo.

Um amigo europeu converteu-se a Cristo quando leu Peace with God (Paz Com Deus), onde ficou sabendo que o crente é uma nova criatura, que as coisas antigas passam e todas as coisas se tornam novas (II Coríntios 5:17). Disse-me ele:
– Se é assim, não farei esforço para reformar-me ou fazer o bem, para que não pareça que me estou transformando. Porei à prova essa promessa de Deus para ver que transformação Ele fará em mim em conseqüência da crença.

Resolveu alimentar o "novo homem" apenas pela leitura da Bíblia, pela oração e presença na igreja. Veio a transformação para ele, não mediante seus esforços pessoais, mas pelo poder do Espírito Santo.

Você se tornou um filho de Deus. Nasceu em Sua família, como uma criancinha. Trata-se de momento estratégico em sua vida, e há duas ou três coisas que o ajudarão a fortalecer-se para a batalha e manter-se a salvo dos feitiços de Satanás, o inimigo de nossa alma.

1. É importante fortificar sua própria alma, lendo as Escrituras. Se não tem uma Bíblia, consiga um exemplar e comece a ler o Novo Testamento. "De que maneira poderá o jovem guardar puro o seu caminho? observando-o segundo a tua palavra" (Salmos 119:9). "Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar contra ti" (Salmos 119:11). Por isso concito o leitor a ler e aprender de cor trechos da Palavra de Deus.

Satanás fará tudo a seu alcance para impedi-lo de ler a Bíblia e derrotá-lo na vida cristã que acabou de achar. No passado, você pode não ter sido atacado por Satanás, mas agora ele vê que você tomou o rumo que o faz enfurecer-se. Renunciou a ele e se juntou àqueles que crêem no Filho de Deus. Não é mais propriedade de Satanás, e pertence Àquele que o resgatou e pagou por você um preço – o de Seu sangue na cruz. Pode estar certo de que Satanás tentará perturbá-lo. Os seus ataques tomam muitas formas, e você só os poderá vencer se usar a arma proporcionada por Deus. "Tomai... a espada do Espírito, que é a palavra de Deus" (Efésios 6:17). A Palavra de Deus não é somente uma espada de ataque, mas também um escudo de defesa para desviar os dardos do inimigo (Romanos 10:17; Efésios 6:16).

Por esse motivo, é de vital importância que estude as Escrituras. Quando Cristo, no deserto, foi tentado três vezes pelo demônio, fez frente a cada tentação com a Escritura, dizendo: "Está escrito" (Mateus 4). Se Jesus achou preciso resistir aos ataques de Satanás pela citação das Escrituras, você precisa muito mais ainda dessa arma poderosa.

2. É importante que aprenda a orar. Disse Jesus: "Importa orar sempre" (Lucas 18:1), e também: "Até agora nada tendes perdido em meu nome; pedi, e recebereis, para que a vossa alegria seja completa" (João 16:24). O apóstolo Paulo chegou ao ponto de dizer: "Orai sem cessar" (Tessalonicenses 5:17). Uma vez que tomou sua decisão por Cristo, pode agora dirigir-se a Deus como Pai. No início não será capaz de orar com muita fluência, mas é importante que comece imediatamente. A primeira oração que faça pode ser algo como isto: "Ó Pai, agradeço-Te por salvar minha alma. Eu Te amo. Em nome de Cristo, amém". Pode ser uma oração simples assim, mas logo verá que estará orando sobre tudo, e logo suas preces estarão constantemente em seu subconsciente, e então começará a "orar sem cessar".

George Washington Carver costumava levantar-se de manhã às quatro horas para orar. Comentando as bênçãos daquelas primeiras horas matutinas, ele dizia:
– Não há outra ocasião em que eu tenha uma compreensão tão nítida do que Deus pretende fazer comigo, como naquelas horas em que as demais pessoas ainda dormem. É quando ouço melhor a Deus e me informo dos Seus planos.

3. É importante que tenha a companhia de outros cristãos. Não pretende Deus que você viva sozinho a vida cristã. Precisa fazer parte de uma igreja. "Não abandonemos a nossa própria congregação" (Hebreus 10:25). Se separarmos uma brasa das demais, ela logo se apagará, consumida. No entanto, se pusermos a brasa junto a outras, haverá ali um brilho que durará horas inteiras. Pode haver uma aula bíblica ou grupo de oração em sua coletividade, que não conheça ainda. Logo poderá encontrar seu caminho para todos os tipos de companhia e associação cristã que lhe trarão novas amizades e fortalecerão sua fé.

Você é agora membro de uma fraternidade mundial que se estende sobre todas as barreiras nacionais, raciais e lingüísticas. Já percorri trilhas na selva africana onde encontrei companheiros cristãos, e éramos imediatamente irmãos, ainda que nos víssemos separados pela língua, pela raça e pela cultura. Uma das maiores alegrias de minha vida foi viajar pelo mundo e encontrar milhares de cristãos em todos os países.

Certa vez, quando estive na Rússia, fui ao Circo de Moscou. A Rússia é um lugar onde eu não poderia ser reconhecido por pessoa alguma, ou pelo menos assim eu pensava. Enquanto estávamos sentados, assistindo ao espetáculo circense, um cavalheiro de modos muito distintos aproximou-se e sentou-se por momentos a meu lado, perguntando:
– O Sr. é Billy Graham, o evangelista americano?

Com expressão de surpresa no rosto, respondi que sim, e ele acrescentou:
– Sou um funcionário público húngaro em Moscou a serviço. Queria que soubesse que sou crente em Nosso Senhor Jesus Cristo.

Foi tudo quanto disse, e se afastou. É fácil imaginar a alegria que me tomou o coração, em encontrar um irmão em Cristo, em Moscou! Já descobri que Deus tem a Sua gente por toda parte. Assim como havia santos na casa de César, também há santos nos palácios dos reis e ditadores.

NOVA PREOCUPAÇÃO SOCIAL
Em quinto lugar, o novo homem deve ter uma nova orientação social. Isso afetará suas relações familiares, profissionais, sua atitude para com o trabalho e para com seu próximo.

Toda a diferença entre o cristão e o moralista está nisso. O cristão trabalha a partir do centro, o moralista a partir da periferia. Um é o organismo, no centro do qual existe um germe vivo plantado pelo Deus vivo. O outro é cristal, belo que seja, mas somente cristal, a que falta o princípio vital do crescimento.

Você compreenderá que Deus se interessa pelas grandes questões sociais de nossos dias, tais como a imoralidade, a pobreza, os problemas raciais e o crime. Disse o Apóstolo Tiago: "A fé sem as obras é inoperante" (Tiago 2:20). Nossas boas obras dão testemunho de termos recebido Cristo. Devemos visitar os doentes, os presos, mostrar amizade aos que estão sozinhos e tentar reaproximar aqueles que se separaram. Tentaremos mostrar, a vidas desperdiçadas, os valores novos. Estenderemos nossos passos para demonstrar bondade, cortesia e amor às pessoas de outras raças. Estaremos prontos a sofrer, a que abusem de nós e nos ridicularizem, num mundo hostil onde não compreendem os nossos objetivos.

É uma sensação estimulante viver a vida nova com Cristo em mim, permitindo-me vivê-la.

Quando dirigia seu Ford pela estrada, certo homem notou, de repente, que alguma coisa não estava bem no veículo. Saltou do carro, examinou o motor mas não encontrou o defeito. Quando fazia isso, surgiu outro veículo, e ele fez um sinal pedindo auxílio. Do veículo que se deteve, um Lincoln novo em folha, saltou um homem alto e amável, que perguntou:
– Qual é o problema?
– Não consigo fazer este Ford andar.

O recém-chegado mexeu em algumas coisas, debaixo do capô do carro defeituoso, e depois pediu:
– Ligue o motor.

Quando este pegou, o homem que pedira ajuda sentiu-se agradecido, declarou sua identidade e perguntou:
– Qual é o seu nome, amigo?
– Meu nome – respondeu o estranho – é Henry Ford.

Aquele que fabricara o veículo sabia como fazê-lo funcionar. Deus fez a você e a mim, e somente Ele sabe pôr a sua e a minha vida em funcionamento. Sem Cristo, poderíamos levar nossas vidas a uma ruína completa. Com Ele no comando tudo vai bem. Sem Ele, nada podemos fazer.

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