terça-feira, 3 de maio de 2011

Lição 06 - Dons que manifestam a Sabedoria de Deus

OS DONS DE REVELAÇÃO


Extraído do Livro: O Espírito Santo Meu Companheiro, de David Young Cho (Editora Vida)
O Dom da Palavra da Ciência

A Bíblia refere-se a este dom como "a palavra da ciência" (1 Coríntios 12:8), em vez de o dom do "conhecimento", e há um motivo para esta distinção. Se nos referíssemos a este dom como o dom de conhecimento, isso incluiria tudo sobre o conhecimento concernente a Deus. Mas o dom da palavra da ciência refere-se à parte do conhecimento de Deus que ele mesmo queira revelar-nos.

Conhecimento refere-se à condição de conhecer algo, através da percepção de verdades concernentes às coisas e assuntos; hoje, entretanto, muitas pessoas entendem de modo errado o dom da palavra da ciência.

Alguns agem e falam como se fossem um dicionário ambulante, só porque receberam o dom da palavra da ciência; mas na realidade, sua conduta e comportamento mostram que são ignorantes. O fato de receberem este dom não quer dizer que tenham recebido o conhecimento total do onisciente e onipotente Deus.

Outros dizem que receberam o dom da palavra da ciência, porque a inclinação delas para aprender levou-as a se aprofundarem no estudo da Palavra de Deus. Por isso, dizem ter recebido o dom da palavra da ciência.

Mas o dom da palavra da ciência, manifestado como um dos dons do Espírito Santo, não é um conhecimento que pode ser estudado e aprendido. Ele não pode ser investigado, nem tão pouco aumentado.

Esta ciência, que revela a verdade oculta de coisas e assuntos e resolve problemas num certo momento e lugar para a glória de Deus, de acordo com a revelação especial de Deus, vem apenas pela inspiração do Espírito Santo.

A manifestação deste tipo de ciência não significa que alguém possua o inteiro conhecimento do onisciente ou tenha adquirido conhecimento resultante de pesquisa ou investigação. A palavra da ciência é uma informação revelada a alguém que tenha este dom, quando há uma necessidade especial para o reino de Deus ou quando a causa do evangelho de Cristo necessita ser revelada aos filhos de Deus.

Quando não existe um meio humano para conhecermos as circunstâncias, Deus revela este conhecimento parcial aos crentes através do Espírito Santo pela revelação, sonhos ou visões. O conhecimento determinado de alguma circunstância, dado por meio sobrenatural pela revelação de Deus, não é conseguido por esforços humanos.

As Escrituras nos dão muitos exemplos, onde o dom da palavra da ciência operava de modo sobrenatural pelo Espírito Santo entre o povo de Deus.

Recordemos alguns deles. Em Josué 7, depois da conquista da forte cidade de Jerico, os filhos de Israel tentaram invadir a pequenina cidade de Ai e foram derrotados miseravelmente.

Josué então rasgou suas vestes e prostrou-se em terra sobre o seu rosto perante a arca do Senhor até à tarde, ele e os anciãos de Israel, e deitaram pó sobre suas cabeças e oraram. Como resultado, ao anoitecer a revelação de Deus veio para os filhos de Israel: por causa de uma pessoa que se apossara de coisas em Jerico, contra a ordem direta de Deus que era para não tocar em coisa alguma, a ira de Deus acendeu-se. Deus não permanecera cora eles quando atacaram a cidade de Ai.

Josué recebeu esta palavra de conhecimento — a razão pela qual os filhos de Israel foram derrotados diante do inimigo. Mais do que isso, através da revelação do Espírito Santo, Josué recebeu informação de que o homem que cometera o pecado fora Acã, filho de Carmi, filho de Zabdi, filho de Zerá da tribo de Judá.

Tal conhecimento não é recebido por estudo humano, nem pela informação transmitida em segredo de uma pessoa para outra. Mas pelo conhecimento que o Espírito Santo revela, àqueles que receberam este dom.

Em 1 Samuel 9 há outro quadro: Saul e os que estavam com ele saíram à procura das jumentas perdidas de seu pai. Quando não conseguiram encontrá-las, vieram ao profeta Samuel para perguntar.

Logo que Samuel encontrou Saul, disse de imediato: "Quanto às jumentas que há três dias se te perderam, não te preocupes com elas; já foram achadas" (1 Samuel 9:20).

Antes de Saul lhe perguntar, Samuel já sabia não só que Saul estava à procura das jumentas, como também que elas já haviam sido encontradas. Essa revelação veio pelo dom da palavra da ciência.

Este mesmo dom funcionou de forma grandiosa na vida de Eliseu em 2 Reis 6:8-12: "Ora, o rei da Síria fazia guerra a Israel. Depois de consultar os seus oficiais, disse: Em tal e em tal lugar estará o meu acampamento.

Mas o homem de Deus mandou dizer ao rei de Israel: Guarda-te de passares por tal lugar, porque os siros estão descendo ali. Pelo que o rei de Israel enviou homens àquele lugar de que o homem de Deus lhe falara, e de que o tinha avisado, e assim se salvou, não uma nem duas vezes. Este incidente turbou o coração do rei da Síria, que chamou os seus oficiais e lhes disse: Não me fareis saber quem dos nossos é pelo rei de Israel? Disse um dos seus oficiais: Ninguém de nós, ó rei meu senhor, mas o profeta Eliseu, que está em Israel, faz saber ao rei de Israel as palavras que tu falas na tua câmara de dormir."

Tal conhecimento maravilhoso não fora obtido por uma rede de informação humana, mas Deus em pessoa revelara a Eliseu através do dom do Espírito Santo.

O dom da palavra da ciência também foi manifestado, de maneira maravilhosa, aos crentes do Novo Testamento. O exemplo de Nosso Senhor Jesus Cristo nem precisa comentários. Vamos então considerar a experiência do apóstolo Pedro.

Em Atos 5 Ananias e sua mulher, Safira, combinaram entre si e Venderam uma propriedade. Trouxeram parte da venda e a depositaram aos pés dos apóstolos — dizendo estarem entregando a importância total da venda. Tinham certeza que ninguém descobriria sua mentira.

"Disse então Pedro: "Ananias, por que encheu Satanás teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, retendo parte do preço da propriedade? Guardando-a não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus" (Atos 5:3-4). Deus contara a Pedro o que ele devia saber naquela situação.

Eu, também, tenho tido experiências similares. Numa manhã de Natal, depois de passar a noite toda em reunião de oração, iria dirigir um culto pela manhã na igreja. Meu programa era pesado e planejara ir para casa dormir um pouco antes de dirigir o culto regular das onze horas.

Quando cheguei em casa, senti fome. Ao tomar meu café da manhã, de repente veio-me à mente um pensamento: deveria ir imediatamente à igreja, alguma coisa acontecera. Pela minha vontade, não moveria meu corpo de onde estava; mas como servo do Senhor não podia fazer outra coisa, a não ser obedecer. Então encaminhei-me para a igreja.

Na igreja tudo estava calmo, silencioso. Parecia que nada estava errado. Encontrei apenas um jovem zelador da igreja que estava varrendo a sala onde os crentes se reuniram durante a noite.

Não conseguia encontrar nada que confirmasse a palavra do Espírito Santo de que alguma coisa se passara. Estiquei meu pescoço para olhar dentro do santuário. De repente veio ao meu coração outro pensamento: eu deveria ir até o púlpito. Fui para lá e ali estava um grande envelope fechado, contendo a oferta.

Peguei o envelope em minha mão e olhei com cuidado a parte fechada. Pensando em voltar para casa, embora um pouco preocupado, entrei no escritório onde havia um aquecedor. Com o envelope na mão, puxei uma cadeira para perto do aquecedor.

Então ouvi uma forte batida na porta "Entre!" disse; e o jovem que varria a sala do culto entrou no escritório, seu rosto estava pálido e ele se ajoelhou no chão. Para surpresa minha, começou a dizer: "Pastor, hoje tive a certeza de que Deus na realidade vive. Cometi um pecado horrível, mas por favor, me perdoe."

Eu estava estupefato sem poder entender o que ele dizia. Mas o jovem, de olhos baixos, continuou: "Quando estava varrendo a igreja, encontrei este envelope grande com dinheiro, no santuário. Olhei em volta, ninguém estava na igreja naquele momento e fui tentado a me apossar daquilo. Peguei o envelope e corri para o meu quarto. Abri o envelope com uma tesoura. Retirei parte do dinheiro. Depois de colocar o restante no envelope, colei-o bem e o recoloquei no púlpito antes que alguém aparecesse.

"Tudo estava como antes, e eu estava certo de que ninguém notaria o sucedido. Então, o senhor que fora para casa dormir de repente apareceu, olhando ao redor como que à procura de alguma coisa.

Imaginando comigo que o irmão, como ser humano, não poderia de maneira alguma saber nada sobre o que acontecera, continuei varrendo o chão.

"Sentia-me perturbado, então comecei a olhar dentro da igreja procurando ver o que o senhor estava fazendo. Então, justo o que eu temia, aconteceu: o senhor parou junto ao púlpito, pegou o envelope de dinheiro, examinou a parte selada e foi para o escritório.

Senti que estas coisas todas foram reveladas ao senhor pelo Espírito Santo, e a minha consciência começou a doer tanto que resolvi confessar meu pecado. Perdoe-me, por favor."

Ouvindo a confissão daquele jovem, estremeci ante o pensamento de que eu também sou tão intimamente conhecido pelo Espírito Santo que está sempre conosco.

Um outro incidente semelhante aconteceu com um amigo meu, há alguns anos, perto da administração Coreana Democrática. Bethel, um missionário americano com quem me relacionava, mudou-se das Filipinas para a Coréia para um trabalho da missão. Ele e sua família vieram para a Coréia de avião, depois de despachar a mudança por navio.

Quando a mudança chegou, ele recebeu um aviso para retirar seus pertences. Foi ao lugar indicado, mas algumas das coisas mais valiosas que estavam arroladas, não foram encontradas. Tudo fora colocado no navio ao mesmo tempo, porém Bethel foi informado que aqueles itens não haviam chegado à Coréia.

Bethel estava muito aborrecido e começou a interrogar, até que afinal alguns encarregados se irritaram e o destrataram. Sentindo-se deprimido e maltratado, Bethel orou a Deus com fervor; então nesse momento, numa repentina visão, divisou o interior de um armazém com uma porta pequena. Estava fora de sua visão, mas justo a alguns metros à esquerda do lugar onde ele se encontrava. Dentro daquele armazém estavam escondidas suas coisas valiosas.

Pediu aos encarregados que lhe permitissem procurar, pessoalmente, seus objetos perdidos, ao que eles responderam triunfantes: "Pois não!"

Bethel encaminhou-se direto ao lugar que lhe fora revelado em visão. Ali havia um corredor meio oculto. Quando caminhou pelo corredor, viu a pequena porta como a da visão. Quando se aproximou da porta, as faces dos encarregados se avermelharam. Disseram-lhe que não tinha permissão para entrar naquela sala; mas Bethel empurrou-os para o lado, abriu a porta e lá estavam seus pertences, escondidos do mesmo modo como lhe fora revelado.

O Espírito Santo deu ao Sr. Bethel o conhecimento necessário naquele momento, e por meio daquele dom sobrenatural da palavra da ciência, foi capaz de resolver o problema em questão.

A palavra da ciência nunca é o tipo de conhecimento que o homem pode possuir por si mesmo, e usar livremente; mas o Espírito Santo de Deus o possui, e através do vaso de sua escolha ele o manifesta de acordo com a necessidade. Esse dom mostra a glória de Deus e resolve problemas.

O Dom da Palavra de Sabedoria

Uma pessoa pode ser muito culta e ter grande conhecimento, mas a menos que tenha sabedoria, ela não pode usar aquele conhecimento.

Sabedoria é a função pela qual podemos, de maneira eficaz, usar o conhecimento — para resolver problemas e trazer bênçãos e vitória.

Mesmo que alguém tenha pequeno grau de conhecimento, se este for equipado com grande carga de sabedoria, poderá aumentar muito seu conhecimento. Ao contrário, se alguém tem bastante conhecimento mas um pequeno grau de sabedoria, seu conhecimento pode tornar-se inútil, nunca poderá ser revelado de forma plena.

Então, que vem a ser o dom da palavra da sabedoria? Este dom não se refere a nenhuma sabedoria humana. Aqueles que não entendem isto, às vezes falam de crentes, que são especialmente brilhantes e inteligentes, como pessoas que tivessem recebido o dom da sabedoria; isto é errado.

A palavra da sabedoria quando refere-se a um dom do Espírito Santo (1 Coríntios 12:8), é dada de um modo sobrenatural a um crente, que usando esta sabedoria resolve problemas em circunstâncias difíceis, e por causa disso dá glória a Deus.

A Bíblia insiste que aqueles que têm falta de sabedoria devem pedi-la a Deus. "Ora, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e não censura, e ser-lhe-á dada.

Peça-a, porém, com fé, não duvidando, porque aquele que duvida é semelhante à onda do mar, impelida e agitada pelo vento" (Tiago 1:5-6).

No Antigo Testamento podemos encontrar um quadro no qual Deus manifestou sabedoria através do rei Salomão, o filho de Davi. Por exemplo, leiamos o incidente relatado em 1 Reis 3:16-28:

"Ora, vieram duas prostitutas ao rei, e se puseram perante ele. Disse-lhe uma das mulheres: Ah! senhor meu, eu e esta mulher moramos na mesma casa. Eu tive um filho, estando com ela naquela casa. No terceiro dia depois do meu parto, também esta mulher teve um filho. Estávamos juntas; nenhuma pessoa estranha estava conosco na casa, somente nós duas estávamos ali. De noite morreu o filho desta mulher, porque se deitou sobre ele. Assim ela se levantou no meio da noite e, enquanto dormia a tua serva, tirou do meu lado o meu filho, deitou-o no seu seio, e a seu filho morto deitou no meu seio. Levantando-me pela manhã, para dar de mamar a meu filho, vi que estava morto. Mas atentando eu para ele à luz do dia, percebi que não era o filho que eu dera à luz. Então disse a outra mulher: Não, mas o vivo é meu filho, o teu é o morto. Porém esta disse: Não, o morto é teu filho, o meu é o vivo.

Assim falaram perante o rei. Disse o rei: Esta diz: Este que vive é meu filho, e teu filho o morto; e esta outra diz: Não; o morto é teu filho, e meu filho o vivo. Então disse o rei: Trazei-me uma espada. E trouxeram uma espada diante dele. Ordenou o rei: Dividi em duas partes o menino vivo, e dai metade a uma, e metade a outra. Mas a mulher, cujo filho era o vivo, disse ao rei (pois as suas entranhas se lhe enterneceram por seu filho): Ah, senhor meu! Dai-lhe o menino vivo, e de modo nenhum o mateis. A outra, porém, dizia: Nem meu nem teu. Seja dividido. Então respondeu o rei: Dai à primeira o menino vivo. De modo nenhum o mateis; esta é sua mãe. Quando todo o Israel ouviu a sentença que o rei proferira, temeu ao rei, porque viu que havia nele a sabedoria de Deus para fazer justiça".

A sabedoria tão preciosa não era um dom natural com o qual Salomão houvesse nascido. "Havia nele sabedoria de Deus", que era a expressão do dom que Deus manifestou para a necessidade daquela época através do poder do Espírito Santo, o qual foi-lhe dado por Deus.

A Bíblia chama esse dom de "a palavra da sabedoria" em vez de "o dom da sabedoria", pois esta significaria aquela sabedoria geral, dada em todos os tempos. Porém a Bíblia ensina que esse dom é o da palavra da sabedoria, em contraste com a sabedoria geral, a qual a humanidade usa livremente da maneira que quiser. Deus manifesta a palavra de sabedoria de acordo com uma necessidade específica, em determinado tempo e lugar, para a glória dele e o poder do evangelho. Desta maneira nos fala também. Embora ele esteja sempre conosco, não nos fala sempre, apenas em casos de necessidade.

Na expressão "eu recebi o dom da palavra da sabedoria", nós devemos dar ênfase ao termo: "a palavra".

A manifestação do dom da palavra da sabedoria é maravilhosa e clara na vida de Jesus. Em Mateus 22:15-22, a historia é esta: Os fariseus estavam certos de que tinham um meio de confundir Jesus. Na presença de alguns romanos, perguntaram-lhe se pela lei um judeu devia pagar tributo a César. Se Jesus respondesse que deviam dar tributo a César, eles o agarrariam, julgando que ele era amigo de Roma, e um inimigo do povo judeu. Mas se ele respondesse que não deviam dar tributo a César, o governador romano o condenaria por traição e ele seria mandado para a prisão.

Eles confiavam no seu estratagema, mas foram confundidos pelas palavras da sabedoria com as quais ele lhes respondeu. Jesus pediu-lhes para mostrar uma moeda e, apontando para a efígie perguntou de quem era. Quando disseram "de César" ele respondeu, "Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus". Jesus deu-lhes uma resposta pela qual não podia ser apanhado. Era uma palavra de sabedoria, falada pelo poder do Espírito Santo para derrotar o inimigo.

Aconteceu de novo quando os escribas e fariseus estavam tentando Jesus. Trouxeram uma mulher apanhada em adultério: "e disseram a Jesus: Mestre, esta mulher foi apanhada em adultério. Na lei nos ordenou Moisés que tais mulheres sejam apedrejadas. Ora, o que dizes?" (João 8:4-5).

Eles forjaram outra armadilha, esperando apanhar Jesus. Se ele dissesse que a mulher deveria ser apedrejada, eles o acusariam de agir contra a lei de amor que ele pregava, e que seus milagres retratavam.

Mas se Jesus se opusesse ao castigo que Moisés ordenara, eles o levariam ao tribunal judaico.

Como Jesus respondeu? "Aquele que dentre vós está sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra" (João 8:7). Embora fossem tão duros, não podiam deixar de receber um toque no coração, diante de tão aguda palavra de sabedoria. João diz: "Quando ouviram isto, foram-se retirando um a um, a começar pelos mais velhos até que ficou só Jesus e a mulher no meio onde estava" (João 8:9).

Quando vemos Jesus resolvendo tais problemas difíceis, um após outro por meio de uma palavra de sabedoria, ficamos orgulhosos de nosso Mestre e lhe devotamos todo respeito e amor.

E já que este mesmo Senhor é nosso Salvador que vive, não importa a dificuldade que tenhamos de enfrentar, devemos olhar para ele e não desanimarmos.

Deus prometeu dar-nos tal palavra de sabedoria, quando formos perseguidos pela nossa fé no Senhor Jesus Cristo e pelo evangelho:

"Mas antes de todas estas coisas, lançarão mão de vós, e vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e às prisões, e conduzindo-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome. Isto vos acontecerá para testemunho. Mas proponde em vossos corações não premeditar como haveis de responder, porque eu vos darei boca e sabedoria a que não poderão resistir nem contradizer todos os que se vos opuserem" (Lucas 21:12-15).

Estas palavras maravilhosas "boca e sabedoria" significam que o dom da palavra da sabedoria ser-nos-á dado quando a necessidade surgir. Aqui de novo a promessa é que tal sabedoria não nos será dada por natureza. Mas quando encontramos uma barreira intransponível, Deus nos dá a maravilhosa sabedoria do Espírito Santo, que nos capacita a superar a dificuldade e solucionar o problema. As palavras de Jesus significam que só o Espírito Santo possui o dom, e ele o manifesta no tempo certo, através dos crentes como seus vasos.

O Dom de Discernimento de Espírito

"A outro, [é dado] discernimento de espíritos" (1 Coríntios 12:10).

Muitas pessoas hoje confundem o dom de discernimento de espíritos com leitura da mente. Vários que confessam haver recebido o dom de discernimento de espíritos criam grandes confusões nas igrejas, assumindo o papel de detetive espiritual.

O dom é exatamente o que diz ser: o dom que é capaz de discernir espíritos. Para simplificar, neste universo há espíritos que pertencem a Deus e espíritos que pertencem ao diabo; portanto, há ocasiões em que as palavras são faladas pelo espírito do homem, que é diferente de quando faladas pelo Espírito Santo ou pelo espírito de Satanás. Nós discernimos os espíritos pela manifestação do Espírito Santo, podendo então julgar se o espírito vem de Deus, ou se é alguém falando pelo espírito do homem ou pelo espírito de Satanás.

Em 1 João 4:1, o apóstolo João escreveu sobre a importância do discernimento de espíritos: "Amados, não creais em todo espírito, mas provai se os espíritos vêm de Deus, porque já muitos falsos profetas têm surgido no mundo."

Nestes últimos dias, a menos que você tenha o dom do discernimento de espíritos, estará exposto ao perigo de ser seduzido. O apóstolo Paulo disse em 1 Timóteo 4:1: "Mas o Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios."

Se não estivermos preparados, em profundidade, para discernir e combater aqueles que penetram em nosso meio, com espíritos enganadores e doutrinas de demônios, grande perigo sobrevirá para o rebanho dos crentes enfraquecidos.

Como qualquer outro dom, o dom do discernimento de espíritos não é possuído por qualquer pessoa ou usado em qualquer tempo. Este dom está nas mãos do Espírito Santo, e ele o manifesta de acordo com a necessidade, através do vaso escolhido por Deus.

Durante meu ministério, tenho experimentado a manifestação deste dom muitas vezes, proporcionando oportunidades de melhorar a igreja.

Uma ocasião uma senhora, membro de minha congregação, afirmou que recebera o maravilhoso dom de profecia; de fato, suas profecias se cumpriam algumas vezes.

Como resultado, muitos crentes fracos estavam sendo levados pelas suas profecias e deixando a prática da oração pessoal, da leitura das Escrituras e a vida de fé. O guia deles tornou-se a profecia. Corriam para essa mulher ouvindo o que ela chamava de " mensagem de Deus sobre os problemas da vida diária", como se estivessem consultando uma cartomante.

Como não consegui discernir, de imediato, se isto vinha de Deus ou do diabo, coloquei-me como expectador por algum tempo. Mas logo tudo tornou-se claro, o fruto da mulher não era o fruto do Espírito Santo.

As palavras de sua profecia não eram somente volúveis e frívolas, mas careciam de humildade, amor e paz. Ao invés disso eram frias, temíveis e destruidoras.

Quando desconfiei que o espírito da mulher podia não ser o Espírito Santo, não só a própria mulher como muitos de seus seguidores resistiram, e me desafiaram. Começaram a dizer que o servo do Senhor, motivado pela inveja, estava conspirando contra ela.

Encontrei-me numa situação delicada e fiquei muito preocupado. E se a mulher estivesse mesmo falando pelo Espírito Santo? Eu não queria cair no pecado de resistir ao Espírito Santo.

Prostrei-me diante de Deus e orei pedindo a ele que me revelasse a verdade, pela manifestação do dom de discernimento de espíritos. Numa visão, Deus me mostrou que o espírito que estava nela era um espírito imundo.

Com esse discernimento, tive coragem para discipliná-la com

convicção. Como resultado, a igreja foi libertada quando estava já a beira

de uma tempestade. A paz foi restaurada.

Nos dias de hoje, pessoas das igrejas da Coréia estão ansiosas e prontas para serem seduzidas por espíritos e doutrinas do maligno, que levam numerosos membros ignorantes por caminhos errados.

Aqueles que se dizem ser Jesus e outros usando outros nomes, surgem e erguem suas vozes para seduzir a quantos for possível. Agora, mais do que nunca a igreja na Coréia está orando para que o dom de discernimento de espíritos seja dado a todos os crentes por todo o país. Consideremos como este dom era usado no Antigo e Novo Testamento.

Em 1 Reis 22 é relatado o fato onde o dom de discernimento de espíritos aparece de modo maravilhoso. Aqui Acabe, o rei de Israel, falou com Josafá, rei de Judá, para preparar guerra a fim de tomar Ramote - Gileade das mãos do rei da Síria. Na ocasião Josafá e Acabe estavam sentados majestosamente nos seus tronos, vestidos com as vestes reais numa eira à entrada da porta de Samaria. Quatrocentos profetas, todos profetizaram em uníssono com Ze-dequias o filho de Quenaaná, dizendo: "Sobe a Ramote-Gileade, e triunfarás, pois o Senhor a entregará nas mãos do rei" (v. 12). Zedequias fez também para si uns chifres de ferro e disse: "Assim diz o Senhor: Com estes ferirás os sírios até de todo os consumir" (v. 11).

Josafá estava um pouco amedrontado porque todas as profecias eram as mesmas; então perguntou a Acabe se haveria algum outro profeta do Senhor, ali na terra, a quem eles pudessem consultar. O rei Acabe disse que havia ainda Micaías, o filho de Inlá, mas que ele o aborrecia como profeta, porque as profecias a seu respeito sempre foram contra ele.

Mas o rei Josafá era muito persistente e afinal Micaías foi chamado e inquerido a respeito da cruzada. A princípio Micaías concordou com os outros profetas. Mas quando o rei, que acreditava que Micaías estava sendo falso, pressionou-o para falar a verdade, ele apresentou uma profecia negativa: "Vi todo o Israel disperso pelos montes, como ovelhas que não têm pastor, e disse o Senhor: Estes não têm senhor. Torne cada um em paz para sua casa" (v.17).

Em outras palavras, ele disse que Acabe morreria na batalha- Então, mediante o maravilhoso dom de discernimento de espíritos, Deus mostrou a Micaías as coisas ocultas que estavam acontecendo nos céus.

"Continuou Micaías: Ouve, portanto, a palavra do Senhor: Vi o Senhor assentado sobre o seu trono, e todo o exército do céu estava junto a ele, à sua mão direita e à sua esquerda. Perguntou o Senhor: Quem induzirá Acabe a subir, para que caia em Ramote-Gileade? Um dizia desta maneira, e outro de outra. Então saiu um espírito, e se apresentou diante do Senhor, e disse: Eu o induzirei. E o Senhor lhe perguntou: De que modo? Respondeu ele: Eu sairei e serei um espírito mentiroso na boca de todos os seus profetas. Disse o Senhor: Tu o induzirás, e ainda prevalecerás. Sai, e faze assim. Assim agora o Senhor pôs o espírito mentiroso na boca de todos estes teus profetas, e o Senhor falou o que é mau contra ti."

Ao revelar de mameira clara a visão dos acontecimentos no céus, Deus capacitou Micaías, o verdadeiro profeta de Deus, a discernir os espíritos.

Micaías calmamente concluiu que as profecias do grupo de mais de quatrocentos profetas vinham de espíritos mentirosos.

Deus permitiu que Acabe fosse morto porque ele persistia em rebelar-se contra Deus. Deus permitiu que espíritos maus entrassem nos profetas de Acabe, a fim de ser atraído à destruição.

Vemos diante de tudo isto que aqueles que não têm o dom de discernimento de espíritos não estão capacitados para distinguir qual profecia é verdadeira. Do mesmo modo não devemos dar crédito a todas as profecias de forma incondicional, mas discernir se a profecia é em realidade falada pelo Espírito Santo ou por espíritos malignos. O Novo Testamento também afirma isto. O apóstolo Paulo escreveu sobre a depravação espiritual dos últimos tempos: "A vinda desse iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais e prodígios da mentira, e com todo engano da injustiça para os que perecem. Perecem porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. Por isso Deus lhes envia a operação do erro, para que creiam na mentira, e para que sejam julgados todos os que não creram na verdade, antes tiveram prazer na iniqüidade" (2 Tessalonicenses 2:9-12).

Deus permite que espíritos de ilusão, de engano, trabalhem entre aqueles que não crêem nas Escrituras — a Palavra da verdade eterna de

Deus — porque tais pessoas insistem na indulgência, na inveja e deleitam-se com a iniqüidade, com a injustiça. 1 Reis 22 apresenta clara evidência disto.

Todos os dons de Deus deveriam ser testados e submetidos ao dom de discernimento de espíritos; quanto mais experiências tivermos com os dons espirituais, mais alerta deveremos estar com os espíritos falsos e mentirosos.

A manifestação do discernimento de espíritos é descrita muitas vezes no Novo Testamento.

Como o Senhor Jesus Cristo é o Deus encarnado, os dons do Espírito Santo dados a ele não podem ser comparados àqueles dados a simples cristãos. Assim sendo, podemos afirmar que Jesus teve grande interesse no discernimento de espíritos durante seus anos de ministério.

Em Mateus 16, quando Jesus foi para as bandas de Cesaréia de Filipe, perguntou aos seus discípulos: "E vós, quem dizeis que eu sou?" (v. 15).

Quando Pedro respondeu rapidamente, "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Respondeu-lhe Jesus: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai que está nos céus" (w. 16-17).

Alguém poderia pensar que a confissão de fé, pronunciada por Pedro, teria vindo de seus próprios pensamentos e crença; mas Jesus fez Pedro discernir que não fora por seus próprios pensamentos, mas Deus no céu através do Espírito Santo revelara isto ao coração de Pedro.

Mais tarde, Jesus estava dizendo a seus discípulos que deveria ir para Jerusalém e passar por muitos sofrimentos, ser morto e ressuscitar ao terceiro dia. A resposta de Pedro a isso foi: "Senhor, tem compaixão de ti. Isso de modo nenhum te acontecerá" (v. 22). Desta vez Jesus censurou Pedro de forma severa pelo que ele disse.

Quando pensamos nisto em termos gerais, este "não, não digas isso" de Pedro parece-nos brotar do seu amor e fidelidade ao Senhor. Mas o Senhor, mediante o dom do discernimento de espíritos penetrou na alma de Pedro e disse: "Para trás de mim, Satanás!

Tu me serves de pedra de tropeço; não compreendes as coisas que são de Deus, e, sim, as que são dos homens" (v. 23).

Nós ficamos imaginando como a exortação de Pedro (que parecia ser tão leal), fora de fato manipulada por Satanás. Fatos assim nos mostram quão grande é a urgência do dom de discernimento de espíritos.

Através das experiências de Pedro e Paulo, os primeiros servos do senhor na igreja cristã primitiva, podemos examinar o dom do discernimento de espíritos.

Quando descrevemos a cruzada de Filipe por Samaria, (Atos 8), vemos que: muitos ouviram o evangelho de Cristo, receberam salvação e cura e foram batizados. Finalmente, Pedro e João foram chamados para orar com os novos convertidos para que pudessem receber o Espírito Santo. Mas um mágico chamado Simão tentou comprar de Pedro este dom do Espírito Santo.

Agora, Simão ouvira a pregação de Filipe e fora batizado com água. Pela aparência era um convertido fiel. Mas quando Pedro viu Simão através do dom de discernimento de espíritos, a natureza real de Simão foi revelada. Pedro disse a Simão: "Vejo que estás em fel de amargura e em laço de iniqüidade" (v. 23). Assim, através do dom de discernimento de espíritos, a verdadeira natureza de Simão foi revelada aos olhos de Pedro.

Uma situação similar ocorreu em Atos 16, quando Paulo e Silas estavam em Filipos:

"Indo nós à oração, saiu-nos ao encontro uma jovem que tinha um espírito de adivinhação, a qual, adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores. Esta, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo. E isto fez ela por muitos dias. Mas Paulo, perturbado, voltouse, e disse ao espírito: Em nome de Jesus Cristo, ordeno-te que saias dela. E na mesma hora saiu" (Atos 16:16-18).

Notemos que quando pessoas comuns viram a jovem seguindo a Paulo, elas ouviam-na gritar: "Estes homens são servos do Deus Altíssimo, e vos anunciam o caminho da salvação." Era natural que pensassem que ela estava de fato ajudando os servos do Senhor.

Mas quando o apóstolo Paulo olhou para esta jovem mediante o dom de discernimento de espíritos, ele soube que ela estava possessa por um espírito de adivinhação. Só mais tarde foi que Paulo descobriu que ela vivia da adivinhação; assim, não há dúvida de que ele não conhecera sua profissão por meios naturais. Exteriormente ela parecia ajudar o trabalho do evangelho, mas Paulo fora prevenido de que a jovem era na realidade movida pelo maligno. Assim, expulsou dela o espírito de adivinhação. Como resultado foi açoitado e encarcerado em Filipo.

O diabo está sempre tentando destruir as maravilhosas bênçãos de Deus que estão sendo derramadas nas igrejas de hoje. Pela manifestação do dom de discernimento de espíritos em nós, poderemos distinguir o espírito de verdade e o de falsidade de tal modo que não caiamos numa armadilha. Não acreditemos em todos os espíritos, mas experimentemos se os espíritos provêm de Deus (veja ljoão 4:1).

Devemos participar do movimento do Espírito Santo que está vigilante, aumentando nossa fé.

Um comentário:

  1. Foi muito edificante para minha vida espiritual poder ler este estudo.A partir de hoje vou procurar ver as coisas de forma diferente.Pude agora ver a importância de se ter uma vida de oração,colocando todas as coisas nas mãos do Senhor JESUS e pedindo sua direção.DEUS os abençoe.

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