domingo, 23 de janeiro de 2022

Lição 5 - COMO LER AS ESCRITURAS


 TEXTO ÁUREO
"E, correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías, e disse: Entendes tu o que lês?” (At 8.30)

 

VERDADE PRÁTICA

As técnicas de interpretação auxiliam na compreensão da Bíblia, mas não são infalíveis; por isso, não podem ser colocadas acima da autoridade da Palavra de Deus. 



LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Atos 8.26-30

26- E o anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te e vai para a banda do Sul, ao caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que está deserto.
27- E levantou-se efoi. E eis que um homem etíope, eunuco, mordomo-mor de Candace, rainha dos etíopes, o qual era superintendente de todos os seus tesouros e tinha ido a Jerusalém para adoração,
28- regressava e, assentado no seu carro, lia o profeta Isaías.
29- E disse o Espírito a Filipe: Chega-te e ajunta-te a esse carro.
30- E, correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías, e disse: Entendes tu o que lês?


COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO

A leitura e o estudo das Escrituras são um dever e um privilégio. Por isso, temos que zelar pelo conhecimento bíblico e estar conscientes da necessidade de aplicar o texto sagrado em nossas vidas. Tiago alerta que devemos ser cumpridores da Palavra e não apenas ouvintes (Tg 1.22). Nesta lição, veremos a importância dos princípios basilares da interpretação bíblica.

I- A BÍBLIA PRECISA SER INTERPRETADA

1.A importância da exegese. O termo “exegese” vem do grego ex, traduzido como “fora”, e agein com o sentido de “guiar”. Literalmente significa “guiar para fora”, isto é, extrair a intenção das palavras de um texto. Assim, o alvo da exegese é deixar que as Escrituras digam o que o Espírito Santo pretendia no seu contexto original. Dessa forma, para não fazer o texto significar aquilo que Deus não pretendeu, é necessário um minucioso exame das Escrituras (2 Tm 2.15). Por exemplo, o estudo das línguas bíblicas, dos fatos da história, da cultura e dos recursos literários usados no texto sagrado cooperam na compreensão do real significado das palavras inspiradas (Ef 3.10-18).
2.As limitações dos leitores. Nesse aspecto é preciso reconhecer que toda a vez que lemos a Bíblia, estamos interpretando. Isso porque todos os leitores são também intérpretes (Dn 9.2). O problema dessa constatação reside nas ideias que trazemos conosco antes mesmo de começarmos a leitura da Bíblia (Ef 4.22). Por conseguinte, nem sempre o “entendimento” daquilo que lemos reproduz a verdadeira “intenção” do Espírito Santo (2 Pe 3.16). Em virtude de nossa inclinação pecaminosa que nos induz ao erro (Rm 8.7), precisamos usar métodos sadios que nos auxiliem na interpretação das Escrituras (Rm 12.2). Essa é uma nobre tarefa atribuída a todo salvo em Cristo Jesus (1 Tm 4.13; Ap 1.3).
3.A natureza das Escrituras. Nesse ponto, ratificamos que a necessidade de a Bíblia ser interpretada acha-se na natureza da própria Palavra de Deus. Como já estudado, o texto bíblico foi escrito majoritariamente em duas línguas distintas (hebraico e grego), no período aproximado de 1600 anos, por cerca de 40 autores que viveram em épocas e culturas diferentes. Portanto, os textos canônicos possuem particularidades que não podem ser ignoradas. Dentre tantas, podemos citar as narrativas, as poesias, as crônicas, as profecias e as parábolas que precisam ser interpretadas, sob a orientação do Espírito Santo, observando as regras gramaticais e o contexto histórico e literário de quando foram redigidas (Mt 5.18).


II- PRESSUPOSTOS PENTECOSTAIS PARA LER A BÍBLIA
1.Autoridade da Bíblia. Uma das marcas do Pentecostalismo é o seu compromisso inegociável com as Escrituras. Cremos na inspiração divina, verbal e plenária da Palavra de Deus, nossa autoridade final em questões de fé e prática (2 Tm 3.16). Portanto, ao ler o livro sagrado temos como pressuposto sua inerrância e infalibilidade. Tudo 0 que está escrito é verdadeiro e serve para o nosso ensino (Rm 15-4)- Nessa compreensão, refutamos a relativização e a desobediência aos preceitos bíblicos (Ap 22.19). Acatamos suas doutrinas, reconhecemos a realidade do sobrenatural, a literalidade dos milagres e a atualidade do Batismo no Espírito Santo e dos Dons Espirituais (At 2.39).
2.A iluminação do Espírito Santo. A doutrina da Iluminação se refere à atuação do Espírito Santo na vida do crente, que o capacita a discernir as verdades da Palavra de Deus (Ef 1.17,18; 1 Jo 5.20). Somente o estudo racional não é suficiente para o entendimento da revelação escrita de Deus. Contudo, a iluminação não é uma fonte paralela de revelação e nem substitui 0 exame das Escrituras; ao contrário, pois à medida que estudamos, o Espírito nos concede a compreensão. A iluminação não aumenta e nem altera a Bíblia, apenas elucida o que já foi revelado pelo Espírito. Assim, o conhecimento da Palavra produz comunhão com Deus, vida de oração, obediência e santificação (2 Pe 1.3-10).
3. O valor da experiência. O texto sagrado é útil para o ensino, repreensão, e correção a fim de tornar o salvo perfeito (2 Tm 3.16,17). Essas declarações demonstram que a Bíblia deve ser aplicada ao nosso viver diário. As verdades bíblicas são confirmadas quando experimentadas pela Igreja do Senhor (Mc 16.20). Nesse aspecto, por exemplo, cremos que o livro de Atos não apenas descreve a experiência pentecostal da Igreja Primitiva, como também a torna válida para os nossos dias (At 2.1-4,38,39). Ressalta-se, porém, que nem a experiência nem a tradição da Igreja podem estar acima da autoridade bíblica. Somente a Escritura é que pode autenticar, e até mesmo corrigir, a experiência ou a prática da Igreja, caso seja necessário (2 Tm 4.2).
 

III- REGRAS BÁSICAS DE INTERPRETAÇÃO

1.A Escritura é sua própria intérprete. A “hermenêutica” tem origem no termo grego hermeneutikós que, na teologia, designa os princípios que regem a interpretação dos textos sagrados. Lutero desenvolveu a máxima de que a Escritura tem de ser interpretada e entendida por si própria (Is 8.20). Significa que devemos estudar a Bíblia seguindo o método pelo qual uma parte do texto auxilia na compreensão de outro texto. Essa afirmação é legítima porque a coesão da Escritura é o resultado de um único autor divino (Pv 30.5,6). Embora esse método seja legítimo, o estudante das Escrituras precisa do auxílio de regras básicas para uma correta interpretação.
2.Princípios de interpretação bíblica. Dentre os princípios gramaticais, históricos e literários, enfatizamos que o texto bíblico tem sentido único e sempre que possível deve ser interpretado literalmente. Nesse aspecto, é preciso tomar cuidado com as expressões de uso simbólico/alegórico. Por exemplo, Cristo disse: “Tomai, comei, isto é o meu corpo” (Mt 26.26). Esse texto mostra que “corpo” aqui não está no sentido literal, mas no figurado. Outro princípio refere-se ao contexto, isto é, analisar os versículos que precedem e seguem o texto que se estuda. Diz a máxima que “texto fora do contexto é pretexto”. Desse modo, observado esses princípios, a Bíblia precisa ser interpretada no todo, nenhuma doutrina pode basear-se em um único texto ou em hipóteses particulares (2 Pe 1.20).
3.Os perigos da hermenêutica pós-moderna. Nossa ortodoxia refuta todo e qualquer método que nega a inspiração verbal e plenária da Bíblia e sua consequente autoridade (2 Pe 1.21). Assim sendo, o intérprete não pode criar outro cânon dentro do cânon bíblico, ou seja, não cabe ao estudante fragmentar ou relativizar os textos inspirados. Não se pode empregar métodos subjetivos focados no leitor em prejuízo do texto e do autor bíblico. Ratificamos que as experiências devem ser submetidas ao crivo das Escrituras Sagradas (At 17.11). Por fim, reconhecemos que as técnicas hermenêuticas não são infalíveis. Durante o processo de aplicação dos métodos interpretativos necessitamos da iluminação do Espírito Santo (1 Co 2.12).
 

CONCLUSÃO
A Bíblia Sagrada deve ser lida e interpretada. Nesse mister, somos auxiliados pela exegese e pela hermenêutica. Contudo, nenhuma das técnicas de interpretação estão acima da autoridade da Palavra de Deus. O que a igreja crê e professa deve ser interpretado à luz da própria Escritura.


REVISANDO O CONTEÚDO
 

1.Qual é o significado do termo “Exegese”?
 

2.Por que precisamos usar métodos sadios como auxílio na interpretação das Escrituras?
 

3.Segundo a lição, como podemos acatar a autoridade da Bíblia?
 

4.Acerca do valor da experiência, como vemos o livro de Atos?
 

5.O que é enfatizado na interpretação bíblica dentre os princípios gramaticais, históricos e literários?

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