Comentário sobre Apocalipse 20.11-15
Extraído do Livro: Apocalipse Versículo por Versículo, de Severino
Pedro da Silva (CPAD)
11. “E vi um grande trono branco, e o que
estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu; e não se
achou lugar para eles”.
I. (“...UM GRANDE TRONO BRANCO”). Já tivemos ocasião de frisar em notas expositivas nos
capítulos 2.13 e 20.4 deste livro, a palavra “trono” ou “tronos”. Ela, no
grego, é (“thonos”). É usada no Novo Testamento com o sentido de “trono real”
(cf. Lc 1.32, 52), ou com o sentido de “tribunal judicial” (cf. Mt 19.28; Lc
22.30). Também há alusão aos “tronos” de elevados poderes angelicais, ou
governantes humanos (cf. Cl 1.16). O trono do presente texto, é grande! É de
vastíssimas dimensões enchendo o campo inteiro de nossa visão; expulsa da vista
todos os outros elementos. Ameaça; deixa a mente atônita. Trata-se de um
infinito julgamento, diante do qual está que é finito: o pobre humano, morto. O
trono é branco! Resplandece de pureza e de santidade, o que exije justiça!
Castigo! Julgamento! Purificação! Retribuição! Tudo isso descreve uma cena fora
da história humana! É o juízo Final!
12. “E vi os mortos, grandes e pequenos,
que estavam diante do trono, e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro,
que é o da vida: e os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas
nos livros, segundo as suas obras”.
I. “...grandes e pequenos”. O Filho se assentará juntamente com o Pai, em seu trono,
para julgar. Mas o Pai é quem figura majestaticamente em todas as seguintes
referências: (At 17.31; Hb 1.3; Ap 4.2, 9; 5.1, 7, 13; 7.10; 19.4; 21.5), e por
meio de Jesus todos ali serão julgados (Jo 5.22). Duas classes de seres, ali
serão julgados: “...os grandes” (os anjos caídos). 2Pd 2.4; Jd v.6, e os
“...pequenos” (os homens em sentido geral). Sl 8.5; Hb 9.27. Todos ali
“...postos em pé” diante do trono. Fica assim subentendida no expressivo a
“segunda ressurreição”, isto é, dos incrédulos (20.5).
1. Os mortos foram julgados. Entre os muitos
julgamentos ou juízos mencionados na Bíblia, sete têm significação especial,
como é descrito por C. I. Scofield em seu SCOFIEL REFERENCE BIBLE:
(a) O julgamento dos pecados do crente na
cruz de Cristo. Jo 13.31. Ele foi aí justificado porque Cristo, havendo levado
os seus pecados sobre a cruz, foi feito por Deus justiça. 1Co 1.30:
(b) O crente julgando-se a si mesmo, para
não ser julgado com o mundo. 1Co 11.31:
(c) O julgamento das obras dos crentes
diante do Tribunal de Cristo, logo após o arrebatamento. Rm 14.10; 1Co 3.12;
2Co 5.10:
(d) O julgamento das nações vivas, na
“parousia” de Cristo com poder e grande glória. Mt 25.32 e ss:
(e) O julgamento de Israel, na volta de
Cristo. Ez 20.33 e ss; Mt 19.28, etc.
(f) O julgamento descrito por Paulo em 2Tm
4.1, que se dará “...na sua vinda e no seu reino”.
(g) O julgamento do “Grande Trono Branco”
aqui mencionado nesta secção (20.11-15)
13. “E deu o mar os mortos que nele
havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados
cada um segundo as suas obras”.
I. “...deu o mar os mortos que nele havia”. Estes mortos saídos do mar, são aqueles que foram tragados
na hecatombe provocada quando “... desceu fogo do céu”. (v. 10); Eles não
passaram pela ação “intermediária” do Hades, visto que concomitantemente foi
estabelecido o juízo final. João observa que não necessário no julgamento um anjo
assistente “abrir” os livros. Eles se abriram movidos por uma força
sobrenatural emanada do supremo Juiz: observe-se a frase: “...e abriram-se os
livros...” (v.12). Podemos observar a exposição excepcional do versículo 15
desta secção, ela demonstra um julgamento individual, confirmando o versículo
13: “...e foram julgados (“cada um”) segundo as suas obras”. Deus julgará cada
um segundo as suas obras”. Deus julgará cada um segundo as suas obras, porque
no inferno há também grau elevado de sofrimento (Ez 32.21-23; Hb 10.29); após
uma acurada investigação do Justo Juiz, nas obras, feitos, motivos, memória e
consciência, confrontando tudo com o que está escrito em cada livro (Jo 12.48).
Ali agora só há uma sentença: “Apartai-vos de mim!”. Alguém se estremecerá, mas
ali não haverá margem para erro, para indecisão, equivoco ou modificação.
1. Existe uma pergunta no meio da
cristandade e até fora dela baseada nos versículos 11-15 que termos nesta
secção: (“como serão julgados aqueles que morreram sem ouvir o Evangelho?”).
Essa pergunta quando dentro da lógica da visualização do homem pode ultrapassar
qualquer possibilidade de entendimento da mente humana. Mas é evidente que,
Deus tem falando e vem falando ao homem de “muitas maneiras” (Hb 1.1). Paulo
diz que o Evangelho foi “pregado a toda criatura que há debaixo do céu” (Cl
1.23). Deus pode alcançar através de seus métodos a todos os homens; vejamos
alguns dos métodos de Deus:
(a) DEUS fala através do Universo: “Os céus
manifestam a glória de Deus e o firmamento (“anuncia”) a obra das suas mãos...
Sem linguagem, sem (“fala”), ouvem-se as suas vozes, em (“toda a extensão da
terra”), e as suas palavras até ao fim do mundo”. Sl 19.1-4:
(b) DEUS fala através da percepção:
“Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles (nos homens) se manifesta,
porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação
do mundo, tanto o seu eterno poder... se entendem, e claramente se (“vêem”)
pelas coisas que estão criadas, para que eles (os homens) fiquem inescusáveis”.
Rm 1.19-20:
(c) DEUS fala através da consciência:
“Porque, quanto os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que
são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei. Os quais mostram a obra
da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e
os seus pensamentos, que acusando-os, quer defendendo-os; no dia em que Deus há
de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo”. Rm 2.14-16:
(d) DEUS fala através da vida dos animais:
“Mas, pergunta agora às alimárias, e cada uma delas to ensinará; às aves dos
céus, e elas to farão saber; ou fala com a terra; e elas to ensinará até os
peixes do mar to contarão. Quem não entende por todas estas coisas que a mão do
Senhor fez isto?”. Jó 12.7-9:
(e) DEUS fala através dos meios geográficos:
“...Deus anuncia agora a (“todos os homens”), e em (“tudo o lugar”), que se
arrependam; Porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o
mundo...”. At 17.30-31:
(f) DEUS fala através dos sonhos: “Antes
Deus fala uma e duas vezes, porém ninguém atenta para isso. Em sonho ou visão
de noite, quando cai sono profundo sobre os homens, e adormecem na cama. Então
(“abre os ouvidos dos homens”), e lhes sela a sua instrução. Para apartar o
homem do seu desígnio, e esconder do homem a soberba; Para desviar a sua alma
da cova, e a sua vida de passar pela espada”. Jó 33.14-18:
(g) DEUS fala através dos anjos: “E vi outro
anjo voar pelo meio do céu, e tinha o evangelho eterno, para o proclamar (“aos que
habitam sobre a terra”), e a toda a nação, e tribo, e língua, e povo”. Ap 14.6:
(h) DEUS fala através de seu Filho: “Havendo
Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos
profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho”. Hb 1.1:
(i) DEUS fala através de sinais e milagres:
“Testificando também Deus com eles, por sinais, e milagres, e várias maravilhas
e dons do Espírito Santo...”. Hb 2.4a. Perguntamos agora: havendo Deus falado
tanto e de muitas maneiras, chegará alguém inocente diante do Grande Trono
Branco? (Êx 34.7). Segundo se depreende do significado do pensamento, aqueles
que não viveram de acordo com a (“FÉ”). Rm 4.5-6; Hb 10.38; serão ali julgados
de acordo com as (“OBRAS”). Jn 3.10. Deixemos o assunto com o Senhor – O Justo
Juiz (Dt 29.29; Rm 4.15).
14. “E a morte e o inferno foram lançados
no lago de fogo: esta é a segunda morte”.
I. “...foram lançados no lago de fogo”. Naturalmente, é provável que este versículo seja o
cumprimento real, daquilo que profetizou Is 25.8, e citado por Paulo em seu
argumento sobre a ressurreição, em 1Co 15.26, onde é descrito que o “...último
inimigo que há de ser aniquilado é a morte”. Isso significa um triunfo total de
Cristo e dos santos. A morte, como aliada do pecado, será destruída juntamente
com o pecado; o Hades não envolverá mais terrores, para os santos nos céus. Não
haverá mais temor da morte (Hb 2.15) ela não existirá (21.4). O ciclo temível
do juízo agora está completamente terminado. O Anticristo e seu consorte já
haviam sido lançados no lago de fogo (19.20). Satanás sofreu essa mesma sanção
(20.10). Agora a morte e o inferno, são ali lançados. E no versículo 15,
chegará a vez dos perdidos. É realmente a sorte dos ímpios, e todas as gentes
que se esquecem de Deus (Sl 9.17). Os anjos maus foram também ali lançados (Mt
25.41).
15. “E aquele que não foi achado escrito
no livro da vida foi lançado no lago de fogo”.
I. “...aquele que não foi achado escrito”. É evidente que os salvos, que comparecerão diante do trono
branco, cujos nomes “se encontram no livro da vida”, não é a Igreja (isso não
afasta a possibilidade de ela estar presente, mas não para ser julgada, e, sim,
tomar parte no julgamento), e sim, aqueles que foram fiéis a Deus durante o
Reino Milenial de Cristo. “Diante do Trono Branco estarão multidões
incalculáveis que, durante o Milênio, creram em Jesus e foram fieis, e
permaneceram até o fim. Quando Satanás, pela última vez, rebelou-se contra
Deus, esses não o acompanharam e, agora, estão diante do Trono Branco, sabendo
que seus nomes estão no Livro da Vida”.
1. O Lago de Fogo. É
este o lugar onde o bicho não morre e o fogo nunca se apaga. (Cf. Mc 9.46). “A
palavra hebraica que descreve este lugar, como no Antigo Testamento, é “Tofete”
(Is 30.33; Jr 7.31-32). Mas a palavra grega é “Geena” (Mt 5.22, 29, 30; 10.26;
23.14, 15, 33). “Geena” refere-se literalmente ao “Vale do filho de Himom”,
vale, este, fora da cidade de Jerusalém que servia de Monturo da cidade e onde
queimavam seus filhos em sacrifícios a Moloque, o deus pagão. Jesus empregou o
termo “Geena” 11 vezes, sempre no sentido literal. Ali sempre havia fogo aceso,
servindo desta maneira para figurar o Lago de Fogo que arde eternamente. A
palavra encontra-se em Mt 5.22, 29, 30; 23.15, 33; Mc 9.43, 45, 47; Lc 12.5; Tg
3.6. Em cada caso, com exceção do último, a palavra sai dos lábios do Senhor
Jesus em solene aviso das conseqüências do pecado. Ele descreve como o lugar
onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga. A expressão é idêntica à
que temos aqui: “o lago de fogo”.
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