terça-feira, 11 de março de 2014

Lição 11: Deus escolhe Arão e seus filhos para o Sacerdócio II

DOIS ARTIGOS: "CRENTES COMO SACERDOTES" E "VESTIMENTAS DOS SACERDOTES"

Extraído da "Enciclopedia de Bíblia Teologia e Filosofia vol 6"


CRENTES COMO SACERDOTES

Sacerdotes. Apo. 1:6. Considerado coletivamente, o «novo Israel» é um «reino». Considerados individualmente, seus membros são todos «sacerdotes». No antigo povo de Israel havia para cada família um «sacerdote», que era o chefe da casa. Em seguida, apareceu o sacerdócio como ordem separada, pertencente a uma única tribo. Em nenhum momento, porém, todos os homens foram sacerdotes. Em Cristo Jesus, entretanto, todos os crentes se tornam sacerdotes, porquanto lhes foi obtido, através do evangelho,
acesso superior a Deus, o qual também lhes é aberto mediante a missão salvadora de Cristo. (O presente versículo pode ser comparado à passagem de I Ped. 2:5.) Coletivamente, o «novo Israel» (a Igreja) é uma «casa espiritual».
Individualmente falando, os seus membros são pedras vivas. E todos formam um «sacerdócio régio», em que cada indivíduo é um rei, dotado de autoridade majestática, conforme se aprende em I Ped. 2:9. Consideremos abaixo a questão do «sacerdócio de todos os crentes» nos pontos discriminados:

1. Antes da instauração da lei mosaica, o chefe de família era seu sacerdote (ver Gên. 8:20; 26:25 e 31 :54).


2. Com o advento da lei, a tribo de Levi (Arão e seus filhos e descendentes) assumiu funções sacerdotais. A promessa feita a Moisés, de que todos os membros individuais da nação de Israel se tomariam sacerdotes (ver Êxo. 19:6), evidentemente não pôde ser cumprida, devido à desobediência e à carnalidade deles. A limitação do sacerdócio à tribo de Levi teve por intuito enfrentar essa situação negativa, preservando, posto que de forma inferior, o conceito e a função do sacerdócio no seio do povo de Israel,

3. Dentro da dispensação neotestamentária cumpre-se o ideal, não mediante obras e méritos humanos, mas, sim, pela livre graça divina, que torna cada remido um sacerdote (ver I Ped. 2:9 e Apo. 1:6).

No tocante ao «sacerdócio dos crentes», devemos considerar os pontos seguintes:
a. Esse sacerdócio se verifica por direito de primogenitura; quando nos tornamos «filhos de Deus», naturalmente temos acesso a Deus Pai.
b. Esse sacerdócio indica acesso superior a Deus (ver Heb. 9:7). O verdadeiro acesso não pode ser mais obtido por um único homem, o sumo sacerdote; e isso, no tocante à expiação, apenas uma vez por ano. O crente individual tem acesso ao Santo dos Santos (ver Heb. 10:19-22). Ali aprende-se que o verdadeiro Sumo Sacerdote aguarda nossas buscas e petições de toda a sorte, e não meramente aquelas que dizem respeito ao pecado (ver Heb. 9:24 e 10:19-22).
c. O crente, na qualidade de sacerdote, oferece um sacrifício superior: (i) seu próprio corpo vivo, meio terreno de seu serviço (ver Rom. 12:1; Fil. 2: 17; II Tim. 4:6; I João 3: 16 e Tia. 1:27). (ji)O louvor de sua vida e de seus lábios (ver Heb. 13:15 e Exo. 25:22). (iii) Suas riquezas financeiras devem ser usadas para
benefício do próximo (ver Heb. 13:16; Rom. 12:13; Gál. 6:6; III João 5--8; Heb. 13:2; Gál. 6:10 e Tito 3:14).
d. Na qualidade de sacerdote, o crente, tal como Cristo e o Espírito Santo, é um intercessor em favor de outros (ver I Tim. 2:1 e Col. 4:12).
e. O sacerdócio leva-nos à comunhão com Deus, que é nosso Pai, segundo se aprende em Apo. 1:6. Portanto, o sacerdócio é um meio de comunhão e, nessa capacidade, um meio transformador de nossa natureza, segundoa imagem de nosso Irmão mais velho (ver II Cor. 3: 18).
f.O alvo, pois, é que tenhamos participação na própria natureza do Pai (ver II Ped. I :4), isto é, a «divindade», em que receberemos toda a plenitude de Deus, em sua natureza e em seus atributos (ver CoI. 2: 10 e Efé. 3: 19), tal como Cristo participa dessa natureza. É nisso que consiste a «perfeição», o que define, para nós, (como» seremos aperfeiçoados (ver Mat. 5:48).


VESTIMENTAS DOS SACERDOTES

Oferecemos uma descrição sobre as vestes especiais dos sacerdotes comuns de Israel no primeiro desses dois artigos, quarta seção. Portanto, o que se segue é uma descrição das vestes sacerdotais do Sumo Sacerdote. O sumo sacerdote de Israel não precisava de vestes oficiais fora do desempenho de suas funções. E, quando em serviço, não usava calçados, aparentemente por uma questão de respeito, mais ou menos como Moisés, diante da sarça ardente, precisou tirar as sandálias. Ver Êxo. 3:5.
O sumo sacerdote compartilhava, de modo geral, as vestes dos sacerdotes comuns. Mas, além daquelas peças, também usava outras:

1.O Peitoral. No hebraico, hoshen; Êxo. 28: 15,30. Uma peça quadrada de tecido dobrada ao meio, era feita do mesmo tecido da estola sacerdotal, descrita a seguir. Uma vez dobrada ao meio, formava uma espécie de bolso. Sobre essa peça de tecido havia doze pedras preciosas engastadas em ouro. Nessas pedras estavam gravados os nomes das doze tribos de Israel. Além disso, nas quatro pontas do peitoral, havia argolas de ouro. As duas argolas de cima permitiam que duas tiras prendessem o peitoral aos ombros.
E as duas argolas de baixo permitiam que o peitoral fosse preso a estola, por meio de tiras ou cordões de cor azul. Ver Êxo. 28: 13-28; 39:8-21.
No peitoral é que ficavam guardados os misteriosos objetos chamados Urim e Turim (ver a respeito). Esses dois objetos, provavelmente pedras preciosas, eram usados com propósitos de adivinhação. Ver Êxo. 28:30; Lev. 8:8. Ninguém até hoje, desde tempos antigos, conseguiu fornecer uma explicação apropriada desses objetos, embora muitos o tenham tentado. Sabe-se somente que esses objetos eram usados para determinar a vontade de Deus entre opções (ver Núm, 27:21), razão pela qual o Urim e o Turim talvez
fossem apenas sortes. No artigo sobre esses objetos, apresento várias idéias a respeito.

2. A Estola. Esta peça do vestuário do sumo sacerdote era feita de linho fino, bordada em azul, púrpura e escarlate e com figuras douradas. Consistia em duas peças, uma para cobrir o peito e outra para cobrir as costas. As duas metades eram ligadas uma à outra sobre os ombros, mediante colchetes de ouro. Cada colchete contava com uma pedra de ônix; e sobre cada pedra haviam sido gravados os nomes de seis das tribos de Israel, dando um total de doze. Na estola ficava preso o peitoral, segundo descrito acima. Ver Êxo, 28:6-12; 39:2-7. Na Enciclopédia de Bíblia. Teologia e Filosofia, há um artigo separado sobre a Estola, com maiores detalhes. A estola descia, formando uma espécie de robe de cor azul, tecida sem nenhuma emenda. Chegava até ligeiramente abaixo dos joelhos. A túnica aparecia por baixo da estola e descia até a altura do chão. Era azul e sem costuras. Havia fendas nos lados, por onde passavam os braços. Da cintura para baixo, havia um bordadodecorativo, representando romãs, nas cores azul, vermelho e carmesim. Havia um sinete de ouro entre cada romã.

3. O cinto (no hebraico, hesheb) era feito do mesmo material que a estola, e se mantinha no lugar esta peça, em torno da cintura do sumo sacerdote. Ver Êxo. 28:8.

4. A mitra (no hebraico, misnepheth, «enrolado»), uma espécie de turbante azul-escuro. Ao que parece, era um tipo de gorro em torno do qual se enrolava um pano, formando então um turbante. Na parte da frente havia um diadema de ouro puro (uma placa de ouro), onde estavam inscritas as palavras «Santo a Yahweh». Era preso ao turbante mediante um fio azul-escuro. Ver Êxo. 28:36-38; 39:30 ss,

Alguns Presumíveis Símbolos Dessas Peças:
1. As cores tinham seu próprio simbolismo: o branco, a santidade; o ouro, a deidade; o vermelho, o sangue da expiação; o azul, o céu ou a espiritualidade. Ver Dan. 10:5; 12:6, 7; Eze. 9:3; 10:2, 7; Mat. 28:3; Apo. 7:9.
2. As vestes, como cobertura, simbolizavam que a nudez espiritual do ser humano é coberta pelas provisões
especiais de Deus, em Cristo.
3. As vestes sem costura falam de integridade moral e espiritual, ou seja, a retidão que Deus confere.
4. O turbante, parecido na forma com o cálice de uma flor, talvez simbolizasse a vida, o crescimento e o vigor. O sumo sacerdote não podia tirar da cabeça o seu turbante; e, se este viesse a cair acidentalmente, isso era considerado simbolicamente negativo. Ver I Ped. I:24; Tia. I: 10; Sal. 103:15; Isa. 40:6-8.
5. O cinto servia, no Oriente, para segurar no lugar as vestes soltas da antiguidade, a fim de que a pessoa pudesse movimentar-se sem empecilho. Desse modo, o cinto simboliza serviço. Podemos lembrar-nos, em conexão, do humilde Cristo que se cingiu ao lavar os pés de seus discipulos. Ver Mar. 10:45. O material do cinto do sumo sacerdote era da mesma cor e do mesmo estilo do véu do santuário, indicando que as vestes do sumo sacerdote mostravam ser ele o administrador do santuário, em suas diversas funções sacerdotais.
6. A parte superior da única era tecida em uma única peça de cor azul. E isso indica a espiritualidade em sua inteireza; a origem celestial do serviço prestado pelo sumo sacerdote e o caráter espiritual de seu ofício também foram destacados. Todo o israelita precisava usar fímbrias azuis na borla de suas vestes, relembrando suas obrigações diante da lei (ver Núm. 15:38 ss.), As romãs ali bordadas falavam sobre a vida, e as sinetas entre as romãs talvez indicassem que ele deveria estar sempre atento à voz de Deus.
7. A estola, com a peça dos ombros e com o peitoral, podia ter vários símbolos, como o trabalho que o sumo sacerdote levava aos ombros. Ali havia a insígnia das doze tribos, que ficavam sob a sua responsabilidade (ver Isa. 22:22). No peitoral também havia os nomes das doze tribos, servindo de lembrete adicional. No bolso formado pelo peitoral, estavam o Urim e o Turim, símbolos da função do sumo sacerdote como recebedor e transmissor de oráculos, orientação espiritual e de sua ação como mediador entre Deus e os homens. O sumo sacerdote não era apenas um juiz. Sua função espiritual visava, essencialmente, à higidez espiritual do povo de Israel.
8. O turbante era emblema de sua autoridade e de suas responsabilidades governamentais. Tinha uma coroa que era símbolo de sua autoridade (ver Êxo. 29:6; 30:30; Lev, 8:8). Ele fora escolhido e coroado para ocupar-se de suas funções. Sobre o turbante havia uma placa de ouro com as palavras «Santo a Yahweh», re1embrando que seu trabalho era inteiramente consagrado a Deus, no tocante aos pecados do povo, procurando guindá-los a um nível espiritual mais elevado. E isso combinava com seu trabalho de expiação anual, a sua função principal.
A unção do sumo sacerdote mostrava que ele fora devidamente nomeado e equipado para o seu trabalho. No tocante aos tipos, algumas vezes a Bíblia dá claras indicações sobre seu significado; mas a questão tem sido sujeitada a exageros, havendo muitas idéias que evidentemente não faziam parte do intuito original. Seja
como for, o que dissemos mostra um exemplo dos tipos de coisas que podem ser vistas, como símbolos, nas vestes sumos sacerdotais. A Aplicação Maior. Cristo, como o nosso grande Sumo Sacerdote, que substitui a todos os outros, é simbolizado, de modo preeminente, pelas várias peças do vestuário e dasfunções dos sumos sacerdotes de Israel, algo obviamente apoiado na mensagem geral da epístola aos Hebreus.


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