quinta-feira, 30 de junho de 2011

Lição 01 - O Projeto Original do Reino de Deus

O REINO DE DEUS
Extraído de: "O Novo Comentário da Bíblia" - Prof. F. Davidson 
No Velho Testamento é antecipado o Reino de Deus, passando a ser consumado nesta terra. É característica a famosa profecia messiânica de #Is 11.1-9. Os autores de apocalipses anteriores desenvolveram indefinidamente esses textos e conceberam narrações fantásticas. Em 1 Enoque 10.17 e segs. diz-se que os justos terão uma velhice feliz e gerarão milhares de filhos. As sementes produzirão mil por um, etc., etc. Recorde-se a descrição do milênio de Papias baseado nesta fonte.

Em #Is 65.17-22 fala-se duma renovação do céu e da terra, mas não nos é indicado o sentido dessa renovação, quer sob o ponto de vista físico, quer moral. Alguns autores de apocalipses do século I A. C. e do século I da nossa era supõem que o reino messiânico, embora estabelecido na terra, é de pouca duração e dará lugar ao reino eterno dos céus.

Em 2 Enoque diz-se que a história do mundo durará 7.000 anos, sendo os últimos mil o reino milenário, depois dos quais começará o reino eterno com uma nova criação (2 Enoque 32.2-33.2). Para este escritor é de grande importância o reino temporário. Mas em 2 Esdras já é menor essa importância, devido ao pessimismo do autor a respeito deste mundo; por isso restringe-o a 400 anos, no fim dos quais o Messias e todos os seres vivos morrerão (2 Esdras 7.26 e segs.).

Em presença deste último desenvolvimento, não admira que alguns autores tivessem abandonado a idéia do reino temporário messiânico e pensassem apenas no reino eterno dos novos Céus. O autor de 2 Baruque achou que esta terra era indigna do Reino de Deus: "O que agora existe nada é; o que há de vir, sim, é algo de grande valor. Porque tudo o que é corruptível terá um fim, e tudo o que morre desaparecerá, sendo esquecido todo o presente, de que não ficará qualquer lembrança, porque nele só há maldade" (2 Baruque 44 e segs.).

Em qualquer teoria que venha a ser adotada e relacionada com a natureza do reino, a vinda deste reino é geralmente considerada "catastrófica", como no sonho de Nabucodonosor (#Dn 2). Em alguns livros, todavia, a idéia geral é de que o reino atingiria a sua plenitude gradualmente (cfr. Jub 33 e 2 Baruque 73-74). No livro dos Jubileus, por exemplo, o Reino é concebido em moldes que levam à conclusão que a sua plenitude aumentará à medida que se conhecer e cumprir a Lei.

Do mesmo modo todos os autores de apocalipses esperam que o Rei apareça em breve, porque o fim está próximo. Em vários livros afirma-se mesmo que o grande dia será antecipado pelo arrependimento: "No dia em que Israel se arrepender, terá fim o reino do inimigo" (Test. Daniel 6.4). Por isso na Assunção de Moisés 1.18 o último dia é considerado "o dia do arrependimento, dia da visita do Senhor no fim dos tempos".

Estes diferentes aspectos do Reino de Deus, como não podia deixar de ser, vieram afetar muito a teoria da imortalidade. Já que Deus pretendia estabelecer o Seu reinado, que abrangia não só a geração dos últimos dias mas também as de todos os tempos, veio a lume outra doutrina: a da ressurreição, já em vislumbre no Velho Testamento (cfr. #Is 26.19 e #Dn 12.2-3). Surgiram depois as modificações. Se a ressurreição antecipada é para um reino de glória terrestre, naturalmente o corpo da ressurreição é da mesma natureza que o corpo atual. É assim que lemos nos Or. Sib. 3.179-192: "Deus reunirá os ossos e as cinzas dos homens e pela ressurreição torná-los-á como dantes". Este fenômeno terá lugar no começo do reino; mas se se estivesse à espera do reino temporário, a ressurreição só poderia verificar-se no fim do mesmo. Tal é o caso do livro dos Segredos de Enoque, onde Deus diz a Adão que o levará da terra quando da "Sua segunda vinda" (32.1), isto é, ao cabo de 7.000 anos de história do mundo. Este autor parece que supunha a ressurreição como sendo espiritual e não meramente material. Ouçamo-lo: "O Senhor disse a Miguel: -Vai e despe Enoque dos seus vestidos terrenos, unge-o com o meu óleo suave e impõe-lhe o vestuário da minha glória" (22.8). Assim o autor da Sabedoria de Salomão, que não aguardava a realização terrena do reino, ocasionalmente supunha a ressurreição logo a seguir à morte. Não se tratava, porém, de teoria normalmente aceita entre os judeus da Palestina. 

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