Exôdo 20.22-23.33
Extraído do Comentário Bíblico Moody - Êxodo
a)
Forma Geral de Adoração. 20:22-26.
Aqui se enfatiza a ordem (vs. 22, 23)
de que o Deus, cuja presença foi manifestada a todo Israel, não deveria ser
comparado a nenhuma imagem produzida pela invenção do homem. Nenhuma estrutura
requintada deveria assinalar o acesso de Israel a Jeová, mas um simples altar
de terra ou pedra comum, não trabalhada (vs. 24-26). Este preceito não discorda
de instruções posteriores relativas ao altar de bronze (27:1-9), mas trata de
uma situação particular. Altares não deveriam ser levantados por toda parte,
mas onde "Eu motivar a lembrança do meu nome" (RSV). Em tais lugares
um altar simples deveria ser levantado, não um santuário enfeitado. A aplicação
prática da ordem se encontra em muitos lugares na história posterior (Jz. 6:25,
26; Js. 8:30; 1 Reis 18:30-32). Degrau (v. 26). Roupas flutuantes se
levantariam com o erguer dos pés e o corpo seria conseqüentemente exibido.
Outros regulamentos tratam do serviço sacerdotal em altares maiores (28: 42).
b) Relacionamentos Civis e Sociais.
21:1 – 23:13.
Êxodo 21
21:1-11. O Escravo Israelita. Esta lei trata
apenas dos escravos hebreus; escravos estrangeiros são considerados em Lv.
25:44-46. Hebreus podiam vir a se tornarem escravos por sua própria vontade,
por causa de pobreza, ou qualquer outra desgraça particular. Os regulamentos
garantiam-lhes que fossem tratados como irmãos sob tais circunstâncias. Alguém
já sugeriu que estas não eram propriamente leis a serem impostas, mas antes
direitos humanos a serem observados (KD, por exemplo).
2. Sétimo (ano). O ano sabático, o fim do
trabalho (cons. 21:2; 23:10, 11).
3,4. O escravo deve sair na mesma condição
pessoal em que entrou.
6. Aos juízes. Embora a palavra seja Elohim,
geralmente usada para com Deus, a transação em questão, sem dúvida,
realizava-se diante de juízes que agiam como representantes da justiça divina
(cons. Sl. 82:6; Jo. 10:35). À porta. Ficava assim preso à casa para
sempre, simbolicamente, pelo ouvido (orelha) que é o órgão da audição e
obediência.
7-11. Para a escrava a ordem é diferente, a
qual, como concubina ou mesmo esposa, podia se tornar parte da casa do seu
senhor. Ela era protegida por três regulamentos: não podia ser vendida a um
gentio, num tipo de escravidão completamente diferente (v. 8); se fosse tomada
por esposa de um filho, devia ser tratada como filha (vs. 9,10); se não
recebesse o alimento, as roupas e os direitos de uma esposa, devia ser
libertada (v. 11). O pai, que por causa das circunstâncias fora assim forçado a
dispor de sua filha, não a vendia para uma escravidão cruel, mas a enviava para
uma casa onde sena tratada tão bem quanto na sua própria.
12-17. Crimes Capitais. A santidade da vida
destaca-se por estas leis contra o homicídio, rapto e dolência. Deus refreia a
violência dos homens pecadores por esta sanção de justiça estrita. Deus lhe
permitiu (v. 13). Nós diríamos "acidentalmente", mas para o hebreu
não havia "acidentes" em um mundo onde Deus reinava supremo.
18-32. Injúrias Físicas, quer Infligidas por
Homem ou Animal. Aqui novamente se destaca o valor do indivíduo diante de Deus.
Estas também se encaixam mais na qualidade de advertências e não de ordens:
ferimento resultante de uma briga (vs. 18,19); ferimento produzido em escravo
(vs. 20, 21); ferimento em mulher grávida (vs. 22.25).
22. Sem maior dano, isto é, além da perda da criança,
nenhuma injúria permanente resultou. Os versículos 23-25 apresentam a lex
talionis (lei da retaliação) tão freqüentemente citada como típica das
severas leis do V.T. Deve-se notar em primeiro lugar que esta ordenança se
restringe a questões de prejuízos físicos apenas. Segundo, seu propósito não
era reforçar a regra, mas refrear a vingança apaixonada, a qual, devido a um
leve ferimento, muitas vezes revidava com a morte e a destruição. Os escravos
deviam ser libertos em retribuição de uma injúria permanente (vs. 26, 27).
Quando os homens sofressem injúrias físicas provocadas por animais, os
proprietários eram os responsáveis (vs. 28-32).
21:33 – 22:17. Leis Referentes à
Propriedade.
33-36. Ferimentos
Produzidos por Animais. Nestes casos a responsabilidade era estabelecida por
negligência ou falta de precaução. Deixar aberta uma cova (v. 33). Isto se
refere a cisternas para armazenamento de água ou cereais. "Estou espantado
com a imprudência com a qual poços e covas ficam descobertos e desprotegidos
por todo este país" (Thomson, The Land and the Book, II, 283; cons.
1, 89, 90; II, 194; III, 458).
Êxodo 22
22:1-4. Ladrão . . . arrombando (v. 2). Literalmente, cavando através. O caminho de acesso
costumeiro para um ladrão era cavar através das paredes de barro da casa,
relativamente fracas. Será culpado de sangue (v. 3). O dono da casa é
culpado (Moffatt). Um golpe mortal desferido nas trevas em defesa da vida e
da propriedade era desculpável, mas à luz do dia, era o raciocínio, tal defesa
violenta não seria necessária. A vida, mesmo a de um ladrão, tem importância
diante de Deus. Vendido. Não como castigo mas como restituição.
5-17. Perda de valores, quer
através de acidente, roubo ou qualquer outro motivo. Os versículos 5 e 6
referem-se à restituição por danos causados a campos e colheitas. Comer pode
ser traduzido "pastar". Se danos forem causados ao campo, é
necessário que haja restituição. Com uma leve alteração o versículo poderia ser
assim: "Se um homem provocar um fogo em um campo ou numa vinha", isto
é, ao queimar ervas daninhas. Fora de controle, o fogo destrói outro campo.
Perdas e danos de bens em depósito (vs. 7-13). Não
se conheciam armazéns ou caixas-fortes, ou mesmo bancos. Se um homem tinha de
ausentar-se de casa, confiava sua propriedade a um vizinho digno de confiança.
Em certo sentido, esta lei servia para segurança do vizinho. Objetos (v.
7). Um termo muito generalizado para uma grande variedade de coisas. Juízes (v.
8). Cons. 21:6. Negócio frauduloso (v. 9). Abuso de confiança. Juramento
do Senhor (v. 11). Quer diante de juízes ou por meio de juramento, as
questões deviam ser acertadas diante de Deus e em reconhecimento de Sua lei. A
Lei responsabilizava um homem por coisas que tomasse emprestado (vs. 14,15).
16,17. Sedução. A moça aqui é
considerada como parte da riqueza da família e o ataque é examinado no que se
refere à desvalorização por causa do dote, um item considerável, naquele tempo
e hoje no Oriente. O crime moral é examinado em Dt. 22:22-27. Dote. Antes,
preço do casamento. Era o preço pago pelo noivo aos pais ou à família da noiva
(cons. Gn. 24:53).
22:18 – 23:9. Leis Morais e Religiosas.
Estas leis todas se baseiam no fato de Israel ser
uma nação santa diante de Jeová.
18. Feiticeira. Bruxa. A prática maligna da magia e da adivinhação
continua tendo grande influência em lugares pouco civilizados, e mesmo entre os
supersticiosos em terras menos atrasadas. Estas poucas palavras costumam ser
citadas freqüentemente e grandemente comentadas como prova de que a ignorância
supersticiosa reinava no V.T., o qual portanto não pode ser inspirado. Estas
leis têm sido grosseiramente aplicadas, como aconteceu no século dezessete com
os julgamentos relacionados com a feitiçaria na Nova Inglaterra. O Novo Testamento,
é verdade, não contém tais leis, porque a economia cristã não é uma autoridade
civil como era a igreja do Velho Testamento. Isto, porém, não nega a realidade
das práticas demoníacas ou a validade das leis contra elas.
19. Bestialidade. Este ato
execrável era na realidade parte de alguma degradante prática religiosa daquele
tempo.
20. Sacrifícios a deuses
estranhos. Será destruído. Literalmente, consagrado, separado para
Jeová. "Pela morte consagrado ao Senhor, ao Qual, ele não quis se dedicar
em vida" (KD).
21-27. Leis humanitárias para a
proteção do pobre, do estrangeiro e do desamparado. Estas advertências são
esquecidas por aqueles que consideram a lei mosaica severa e nacionalista. Eu
lhes ouvirei o clamor (vs. 22-24). O Deus que observa a queda do pardal,
retribuirá devidamente ao cruel opressor.
25. Juros. O empréstimo de dinheiro
como transação comercial é uma prática moderna e não se encaixa aqui. Dinheiro
era emprestado, como ato de bondade àqueles que passavam grande necessidade!
Cobrar juros em tais circunstâncias, lucrando com a necessidade do outro,
contraria toda a decência.
26. Veste. Para o pobre que dormia em
suas vestes, Uma grande manta retangular, a única vestimenta que valia como
penhor, era a sua única proteção de noite.
27. Eu o ouvirei. Deus ouviria o grito que o cruel credor ignorava (cons. Thomson 1, 54,
99; III, 89).
28. Injuriar a Deus ou ao
governo. "Desrespeito a Deus consiste não só de blasfêmias contra Jeová
francamente expressas, as quais deviam ser punidas com a morte (Lev. xxiv. 11,
e segs ) mas também do desprezo pelas Suas ameaças em relação aos membros mais
pobres do Seu povo (vs. 22-27) e da recusa de lhes dar o que deviam receber
(vs. 29-31). Compreendido desta forma, a ordem está intimamente ligada não
somente com o que a precede, mas também com o que vem a seguir. O príncipe
(lit., aquele que está acima) está mencionado junto com Deus, porque em
sua posição exaltada ele tem de administrar a lei de Deus entre o Seu
povo" (KD).
29-31. Os termos da aliança
enfatizam a responsabilidade dos israelitas para com o Senhor. Eles deviam se
mostrar santos não apenas naquilo que o Senhor exigia, mas na abstenção daquilo
que estava proibido.
Êxodo 23
23:1-9. O dever de preservar a
verdade e a justiça. Os israelitas deviam andar em integridade e consideração
para com todos os homens. Não deviam dar falso testemunho.(v. l), isto é, não
espalharás notícias falsas, nem ter qualquer conivência com aqueles que o
faziam. Testemunha maldosa. Literalmente, testemunha de violência.
2. Não seguirás a multidão. Uma condenação clássica da violência da turba. A justiça não devia ser
pervertida, nem por atos, nem por palavras, por causa da pressão da multidão. Parcial.
Favorecer. Há quem pense que esta palavra é um erro de cópia e que se refere ao
"rico" e não ao "pobre". Mas sempre há necessidade de se
advertir contra a injustiça feita por causa de simpatia deturpada, além de
outros motivos.
4,5. O boi do
teu inimigo. Não é só a sua conduta que não deve ser determinada pela opinião
pública, pela atitude da multidão, ou pela compaixão para com o pobre; a
antipatia pessoal, a inimizade e o ódio também não deviam levá-los ao
comportamento injusto ou rude (cons. Mt. 5:44; Thomson, op. cit., III,
345).
6. Não perverterás o julgamento. Jamais deturpes os direitos do pobre no tribunal (Moffatt). Este é o inverso do preceito de 23:3.
7. Da falsa acusação te afastarás. Não ter relacionamento algum com a injustiça. Não justificarei. A
LXX diz, não justificarás. A tradução hebraica enfatiza, que fazer tal coisa,
coloca a pessoa em oposição a um Deus santo que não justificará a maldade.
8. Cega até o perspicaz (lit., o homem que vê) e perverte as causas (não palavras)
dos justos.
9. Conheceis o coração do forasteiro. Muitas e muitas vezes Deus enfatizou a responsabilidade aos israelitas
para com aqueles que não tinham direitos ou compensações, fazendo-os se
lembrarem de suas próprias experiências, das quais só a compaixão dEle pôde
livrá-los.
10-13. Um Calendário Eclesiástico.
As responsabilidades dos devotos; aqui só se faz uma rápida menção de assuntos
que são tratados detalhadamente mais adiante. O Sábado, o Ano do Descanso e o
Dia do Descanso (vs. 10-12). Deixarás descansar e não a cultivarás. Como
o escravo devia ser libertado do trabalho (21:2), também a terra devia
descansar no sétimo ano. O pobre podia comer daquilo que nascesse
espontaneamente naquele ano (cons. Lv. 25:1-7, 20-22; Dt. 15:1-18; 31:10-13).
12. O Sábado. Cons.
20:8-11; 31:12-17; 35:1-3. Para que descanse o teu boi... o filtro da tua
serva e o forasteiro. Isto acrescenta uma razão humanitária para a
religiosa dada em 20:11, mas não a contradiz.
13. Em tudo. . . andar apercebidos. Driver (Cambridge Bible) acha que este versículo está deslocado e
deveria seguir o versículo 19. Mas de acordo com KD é uma sentença
transicional; o versículo 13a destaca sua fidelidade nas leis e trata dos seus
próximos; e 13b os prepara para as leis que tratam do seu relacionamento com
Jeová.
c) As Festas da Peregrinação. 23:14-19.
Embora houvessem outras ordenanças a serem
guardadas, estes três eram os grandes festivais durante os quais todos os
homens de Israel deviam apresentar-se diante do Senhor. Neles se comemorava não
só a sua redenção, mas também as contínuas bênçãos e provisão de Deus. Tem-se
enfatizado que não eram só obrigações, mas também direitos. "pois
comemorar uma festa do Senhor e comparecer diante dEle eram privilégios
concedidos por Jeová ao povo da Sua aliança" (KD).
14. Festa. Cons. 5:1.
15. Pães asmos. Inseparável,
é claro, da Páscoa (cons. cap. 12; 13; Lev. 23:5). Ninguém apareça de mãos vazias
perante mim. Ofertas deviam ser trazidas como prova de gratidão pelas bênçãos
de Deus e como um tributo a Jeová seu Rei (cons. Dt. 16 : 16, 17).
16. A festa da sega. Pentecostes (Lv. 23:15-22; Nm. 28:26-31; Dt. 16: 9-12). Festa da
colheita. Tabernáculos (Nm. 29:12 e segs; Lv. 23:34-43; Dt. 16:13, 14).
Estas festas marcavam o começo e o fim da colheita de todo o produto da terra.
18,19. Três regras deviam ser
observadas nas festas. l ) Deviam usar pão asmo, não só nesta festa, mas em
todas as festas. 2) Não ficará gordura da minha festa para o dia seguinte
(cons. 12:10). Primícias. A retenção desta confissão e expressão de
gratidão trouxe o juízo sobre Israel muitas e muitas vezes (cons. Ml. 3:8). 3 )
Não cozerás o cabrito. Esta orientação parece esquisita dentro das outras, e há
muito tem causado especulações dos comentadores. Então, na literatura Ugarit
descoberta em 1930, descobriu-se que cozer o cabrito no leite de sua própria
mãe era uma prática cananita usada em conexão com os rituais da fertilidade (Birth
of the Gods, 1.14). Israel, apresentando os primeiros frutos, reconhecia
que as bênçãos vinham de Jeová, não da feitiçaria.
d) Última Exortação. 23:20-33.
A aliança se conclui com estas palavras de promessa
e advertência.
20-12. O Anjo de Jeová. "O
nome de Jeová estava neste anjo; é o mesmo que dizer que Jeová se revelou nele;
e por isso ele é chamado em 33:15,16 de a face de Jeová, pois a natureza
essencial de Jeová se manifestou nele. Este anjo não era um espírito criado,
portanto, mas a manifestação do próprio Jeová" (KD). "O anjo é o
próprio Jeová, em uma temporária descida, à visibilidade, com um propósito
especial" (McNeile, Westminster Commentary).
23-33. Promessa e Advertência.
Deus prometeu expulsar as nações diante deles e os abençoar, providenciar por
suas necessidades e protegê-los. O povo de Israel, do seu lado, devia se abster
de toda idolatria e aliança com os povos pagãos.
24. Destruirás. Derrubarás e quebrarás. Colunas. Pedras
colocadas perto de um templo ou em um bosque sagrado, um aspecto comum nos
cultos cananitas.
26. O número dos teus dias. Ambos, o individuo fiel e a nação fiel receberam a promessa de que
viveriam muito tempo.
27. Meu terror. O
pânico que tomaria conta dos pagãos quando soubessem das grandes coisas que
Deus realizaria em beneficio de Israel (Js. 2: 11). Confundindo.
28.Vespas. É muito difícil que o
sentido seja literal, embora alguns o aceitem. Determinar exatamente o que
simboliza tem desafiado a imaginação de gerações de comentadores. Já se tem
sugerido que as vespas representam egípcios, enfermidades, catástrofes naturais
e assim por diante. A sugestão da KD de que foi o aguilhão do medo (v. 27)
parece uma idéia razoável.
29,30. Depois de gradualmente
expulsar os cananeus, o povo de Israel devia tomar posse da terra. Isto eles
singularmente deixaram de fazer (Jz. 1;2).
31. Porei os teus termos. Só uma vez, sob o reinado de Salomão (I Reis 4:21), e por pouco espaço
de tempo, Israel alcançou esses limites. Mar dos Filisteus. O Mediterrâneo.
Deserto, o deserto entre o Egito e a Palestina.
32,33.
Que te não façam pecar. A destruição dos cananeus foi necessária, e o contato com
eles foi proibido para que não contaminassem o povo de Deus com seus pecados,
como se fosse uma doença contagiosa.
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